22 de fevereiro de 2017

O que descobri planejando minha lua de mel na Ásia

Adoro começar confessando. Eu trabalho há 17 anos em turismo e sou a pior planejadora das minhas viagens. Já fiz besteiras homéricas, como comprar bilhete para aeroporto errado (leia-se cidade errada… DUAS vezes!). Sabe o dito “casa de ferreiro”… Então.

Eu sou a verdadeira turista acidental. Mais que acidental, sou a oportunista. Eu normalmente viajo para onde aparecer uma oferta, um convite, uma extensão de uma viagem a trabalho. Normalmente tudo é de última hora. Mala só faço no último dia. Documentos normalmente encontro na saída para o aeroporto. Se eu comprar um guia de viagem é pra ler na viagem ou quando chegar lá. Acho que é trauma da única vez que comprei um guia com grande antecedência e a viagem, no final, não saiu. Tenho medo de JINX como dizem os gringos.

Meu mapa de viagens do Trip Advisor

Meu mapa de viagens do Trip Advisor

Este ano, no entanto, a ‘em-breve’ esposa e eu estamos planejando a grande viagem de Bodas de Prata/Lua de Mel (eu já confessei a idade, não?) e escolhemos a Ásia. Conhecemos bastante a Europa, o básico da América do Norte, até a África já fomos mais que uma vez. Mas a Ásia continua sendo território pouco explorado. Estivemos na Tailândia (que amamos) há séculos atrás. E o meu mapa no Trip Advisor (quem tem obsessão com viagem já fez, confessa!) me lembrou, quando eu completei 5.0, que eu conheço só 30% do mundo – então tenho que correr atrás! Rápido. Então, Ásia, chegou a sua vez… Vamos fazer o clássico roteiro Vietnã, Camboja e Laos.

Vietnã estava na minha imaginação desde que vi Indochine, com a divina La Deneuve (Catherine Deneuve, para quem não é uma lésbica de meia-idade). Lugares quase totalmente desconhecidos e exóticos para nós brasileiros. Então, desta vez surgiu a vontade/necessidade de planejar.

Foto do projeto The Pink Choice, do Vietnã, que descobri planejando minha lua de mel na Ásia - Foto: Maika Elan

Foto do projeto The Pink Choice, do Vietnã, que descobri planejando minha lua de mel na Ásia – Foto: Maika Elan

Sorte que, como dizem todas as pesquisas sobre nós, viajantes LGBTs, nós temos uma verdadeira fonte de informação entre amigos e colegas. Afinal a gente viaja (né), bi? Então, depois de algumas postagens no Facebook, consegui ótimas dicas, fiz ótimas conexões, e decidimos quase tudo do roteiro por indicações de amigos.

E a santa Internet, que nos permitiu conseguir ótimas ofertas, desde o voo até passeios locais, está me permitindo fazer contatos locais incríveis. A minha cara-metade adora fazer isso e descobriu que tem guias gays, como GoGayAsia tanto para o Camboja, como para o Vietnam.

Foto do projeto The Pink Choice, do Vietnã, que descobri planejando minha lua de mel na Ásia - Foto: Maika Elan

Foto do projeto The Pink Choice, do Vietnã, que descobri planejando minha lua de mel na Ásia – Foto: Maika Elan

Laos parece que não tem nada mesmo, mas isto ainda requer mais pesquisa. Como de costume, a listagem é geralmente de saunas e clubes para os meninos (good for you, boys!), mas, no guia do Vietnã veio um link bacana. Eles tem uma Parada/Festival LGBT chamada VietPride que tem uma página ótima em inglês. E nesta página tem contatos dos organizadores.

Bom, resolvi mandar email, não esperando muito, claro, porque eu tenho alguma experiência de organização de Paradas aqui no Brasil e, ou as páginas não são mantidas, ou a organização troca a cada ano e ninguém responde. Mas… Surpresa! Dia seguinte de manhã cedo encontro resposta do/a Tam (gênero de nomes vietnamitas ainda não dominei, mas também, que importa?), que me apresentou mais duas pessoas da organização para me ajudarem com todas as minhas dúvidas. Escrevi para os dois e já temos um encontro com o Phong, que vai nos mostrar um pouco de Hanói LGBT, que ele diz ser bem misto e variado.

Ciclistas na Viet Pride, no Vietnã, mais uma desoberta enquanto planejava a lua de mel na Ásia - Foto: Acervo VietPride

Ciclistas na Viet Pride, no Vietnã, mais uma desoberta enquanto planejava a lua de mel na Ásia – Foto: Acervo VietPride

Eu sei, eu sei… alguns de vocês, meninos, poderiam ter chegado a Hanói, ligado o Grindr e já teriam um contato local (ou 144 mil, aparentemente), mas vejam o mundo da perspectiva de um casal de lésbicas. Ou de quem não gosta do Grindr.

E o mais legal de conhecer a história do VietPride, foi encontrar o trabalho desta fotógrafa, Maika Elan, uma aliada, que foi altamente premiada por todo o mundo com uma exibição chamada “The Pink Choice”, onde ela mostrou casais homoafetivos vietnamitas em situações banais do dia-a-dia. Segundo ela para desmistificar o que no Vietnam ainda era conhecido como estilo de vida desviante. São fotos lindas, cândidas (nem todas! 😊) e bem humanas que eu compartilho aqui.

Foto do projeto The Pink Choice, do Vietnã, que descobri planejando minha lua de mel na Ásia - Foto: Maika Elan

Foto do projeto The Pink Choice, do Vietnã, que descobri planejando minha lua de mel na Ásia – Foto: Maika Elan

A esta altura do texto, você pergunta: ok, e as dicas para planejar a viagem colorida dos sonhos? Eu subscrevo o que a ILGA indica: use as mídias sociais, tente contato com a comunidade local e respeite as culturas diferentes.

Está funcionando para mim. Estou já viajando nesta viagem. E estou adorando.

 

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Sobre Marta Dalla Chiesa

Marta Dalla Chiesa

Marta Dalla Chiesa é colunista do Viaja Bi!. Por ser uma lésbica apaixonada por turismo outdoor, criou a Brazil Ecojourneys e foi presidente da ABRAT GLS, associação de turismo LGBT. É PhD em biologia bioquímica e molecular no Imperial College London, mas trabalha com turismo desde o ano 2000. Mora em Florianópolis e é idealizadora do evento Gay Surf Brazil, evento na Praia do Rosa. Todos os posts da Marta.

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