Ilhas Ballestas: passeio de barco de luxo em Paracas, Peru
Como parte de uma viagem inesquecível pelo Peru, em setembro, o Viaja Bi! foi convidado a conhecer as Ilhas Ballestas a bordo de um iate de luxo em um passeio de barco comandado pela agência Venturia. O blog já tinha visitado o país em 2016 (tem mais de 30 posts aqui no blog) em uma viagem estilo mochilão. Dessa vez, a proposta era outra: conhecer o lado LGBT+ do Peru em uma experiência de luxo e com conforto.
As Ilhas Ballestas são um dos principais passeios saindo de Paracas, região litorânea próxima a Lima, e abrigam um santuário de animais. Pássaros, uma maternidade de leões-marinhos e lobos-marinhos e uma figura misteriosa que ajuda a reforçar o misticismo do país.
Passeio de barco de luxo em Paracas, no Peru
A agência Venturia fica localizada dentro do Hotel Paracas, a Luxury Collection Resort, um luxuoso hotel 5 estrelas na região central de Paracas, e foi ali que recebi algumas instruções sobre os tipos de animais que poderíamos encontrar pelo caminho, bem como uma explicação sobre quais pássaros são mais comumente avistados.
Tinha também um cafezinho quente servido em uma charmosa lanchonete enquanto esperava o barco chegar. Primeiro, uma pequena lancha buscava os passageiros no píer e levava até o iate que faria o passeio.
O passeio oferecido pela Venturia não decepcionou no serviço e todo esse maravilhoso encontro com a natureza aconteceu regado por taças de vinho branco.
Quando iniciamos o caminho de volta, ceviches e tiraditos começaram a ser servidos pelas mãos da chefe de cabine Suli e que foram preparados pelo chef Victor, ele já havia cozinhado para nós em um outro momento.
O litoral do Peru é desértico e sua formação tem a ver com a intensa atividade sísmica da região que já foi destruída por fortes terremotos.
Em 2007, inclusive, o Hotel Paracas, onde se iniciou o dia do nosso passeio de barco, foi completamente destruído, bem como o museu que abrigava fósseis das civilizações antigas de Ica e Paracas.
O museu segue fechado até hoje mas os grandes hotéis já foram remodelados. Muitas das rochas que formam o arquipélago também sofreram alterações com esses abalos e toda essa história deixa o lugar ainda mais curioso!
Ilhas Ballestas: pássaros, lobos-marinhos e vinhaaaados
Alguns pelicanos peruanos – a maior espécie de pássaros – passam voando pelo barco e já anunciam que o passeio vai ser lindo. Uma taça de espumante aqui, outra de vinho branco ali, muitas fotos e pouco menos de meia hora depois, o número de pássaros voando aumentou absurdamente e já percebi que estou próximo das tais Ilhas Ballestas.
A explicação para essa enorme quantidade de animais é que a gelada Corrente de Humboldt é extremamente fértil e oferece condições ideais para a reprodução de peixes. Nessa hora, eu já tinha explorado todo o barco e encontrado o lugar ideal para fotografar.
Brinde: cocô de passarinho
Uma outra curiosidade das ilhas é que a cada 7 anos o governo permite que seja coletado o guano – basicamente, cocô de passarinho. Estima-se que sejam produzidas cerca de 1.000 toneladas por ano desse material altamente interessante para a indústria de fertilizantes na Europa e Ásia. Quando eu lia sobre isso, não conseguia entender a dimensão da coisa, mas estando lá, em menos de 10min, minha capa de chuva – estrategicamente escolhida para proteger os equipamentos e meus looks – já estava coberta de… guano.
O cheiro do lugar pode incomodar os mais sensíveis, mas eu só conseguia pensar na força que aquele tanto de animais juntos representa em resistência. A vida efervescente e dominada pelos não-humanos pode ser bem inspiradora – mais uma vez, para os mais sensíveis.
A tripulação permitiu que navegássemos lentamente observando tudo pelo que pareceram segundos mas, na verdade, tinham durado 30min, tempo suficiente para eu lotar um cartão de memória na câmera e outro no cérebro. Talvez esse tenha sido o passeio que mais fez sentido para esse biólogo que escreve o texto. Entender os motivos para esse equilíbrio que já tem tantos anos de história e ver com meus próprios olhos algumas imagens que eu já antecipava em documentários e relatos de grandes amigos.
Senti o barco diminuindo de velocidade e, quando olhei para frente, entendi que estávamos parados em frente ao El Candelabro. Perguntei se era permitido tomar um banho de mar e disseram que sim, mas aí me lembrei em qual corrente estávamos navegando e voltei ao ceviche.
Talvez esse geoglifo mereça mais atenção, mas o que interessa dizer aqui é que estamos diante de uma escavação superficial gigantesca (~180m de largura) feita na areia há mais de 2.500 anos e cuja explicação pode variar de piratas marcando o mapa de um tesouro que protegiam dos invasores a símbolos da maçonaria antiga que só deveriam ser vistos do mar e serem discretos em terra.
Foi um momento emocionante e, quando se viaja em grupo, é possível mergulhar fundo na conversa com as pessoas que ali estão, para responder essas questões misteriosas ou discutir possíveis explicações. É enriquecedor e mais uma vez eu me senti muito privilegiado pela experiência.
Fim de sobremesa
A sobremesa já dava um ar de despedida para esse passeio de barco, que ainda se estendeu em uma lancha menor pelo litoral de Paracas, onde a areia e o árido contrastam com águas azuis e férteis do Oceano Pacífico. Esse passeio eu quis que durasse mais tempo! Ainda queria estar lá, e talvez esteja.
Não deixe esse post pensando que você precisa viver essa experiência com luxo para que ela seja completa. Há passeios mais acessíveis até as ilhas e uma rápida pesquisa pode te ajudar a escolher quais tem mais a ver com a sua proposta de viagem (leia o relato do Rafa desse passeio no estilo mochilão).
O passeio com a Venturia não é barato e com o serviço completo que fizemos, a bi precisa investir cerca de US$ 500 dólares para 2 pessoas. Mas vale a pena.
Se eu amei? Gente, EU-VI-LOBOS-MARINHOS! ❤️
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O Viaja Bi! viajou a convite do órgão de turismo do Peru. Todas as opiniões expressas aqui são independentes e refletem a real experiência como turista.
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