19 de janeiro de 2016

Atacama: Festas clandestinas em San Pedro e a história do deserto

Descubra um dos maiores segredos do Atacama: Festas clandestinas em San Pedro. Juro, é sério! Rolam festas clandestinas e secretas no meio do deserto, tudo na surdina. Não sabia dessa? Pois é, baby! Viaja Bi! também é cultura secreta. 😛

Mas antes, pra entender um pouco mais sobre a região, fiz um apanhado rápido da história do Deserto do Atacama pra que você fique contextualizadx.

Calle Caracoles, a rua principal de San Pedro de Atacama e, consequentemente, do Deserto do Atacama

Calle Caracoles, a rua principal de San Pedro de Atacama e, consequentemente, do Deserto do Atacama

 

BREVE HISTÓRIA DO DESERTO DO ATACAMA

O Atacama tem sua história viva desde os atacamenhos, primeiros indígenas a habitar a região, antes do Império Inca e da invasão da civilização pré-colombiana Tiwanaku. Quando chegaram à região, ainda como nômades, encontraram um ambiente inóspito formado basicamente por sal e areia. O processo de desertificação aconteceu na etapa final da última glaciação, há cerca de 13.000 anos, quando o clima mudou. Alguns lagos secaram, o que deu origem aos salares, e os rios desenharam seus cursos, formando alguns oásis e promovendo o crescimento de algumas vegetações típicas, como o algarrobo e o chanhar.

Esse povo ofereceu muito do legado arqueológico da região, quando passaram a se tornar cada vez menos nômades e mais sedentários. Nesse período eram um pouco dos dois, o que chamamos de Transhumancia. A partir daí, começou a surgir a agricultura, a caça de camelídeos selvagens, como vicunhas e guanacos. A lhama, símbolo da região dos Andes, surgiu a partir de uma modificação genética feita pelos atacamenhos, quando cruzaram o guanaco com a vicunha. Cruzando a vicunha com a lhama, surgiu a alpaca.

A fauna da região também tem outros animais característicos como a raposa, o suri (tipo avestruz), a viscacha (mistura de coelho com chinchila), lagartos, flamingos e diversas outras espécies de aves, como gaivotas e patos.

Durante esse processo de transição, eles começaram a criar “casas” em formato celular de vilas, das quais as ruínas hoje podem ser visitadas em passeios arqueológicos pela região, como em Aldeia de Tulor e Pukará de Quítor.

Tour Arqueológico na Aldeia de Tulor, no Deserto do Atacama: festas clandestinas já não rolam aqui há milênios :P

Tour Arqueológico na Aldeia de Tulor, no Deserto do Atacama: festas clandestinas já não rolam aqui há milênios 😛

 

ATACAMA: FESTAS CLANDESTINAS EM SAN PEDRO

San Pedro de Atacama é a cidade/vilarejo onde vivem cerca de cinco mil pessoas e que serve de base para fazer todos os passeios pelo Atacama. A rua principal é a Caracoles, onde você encontra restaurantes, lojas de artesanato, bancos, mercados mini-market e algumas agências de tours, que se estendem pelas ruas transversais. Mesmo sendo a principal, a Caracoles é uma rua só de pedestres e composta de poucos quarteirões.

Tem uma pegada bem turística e bastante circulação de gente. À noite, tem alguns cafés e barzinhos, mas na maioria deles, você só pode beber algo se comer também, com raras exceções. Como nos barzinhos não se pode levantar pra ficar dançando (só sentado na mesa mesmo), rolam algumas festas clandestinas em San Pedro de Atacama, mas que muita gente fica sabendo. Se baixa a polícia, eles desfazem a festa e vai todo mundo pra casa, mas elas acontecem.

Em dezembro de 2015, participei de uma dessas festas clandestinas, paguei CL$ 5.000 pra entrar e tinha, surpreendentemente, bastante gente. Tem um bar com bebida e rola sempre ao ar livre em algum terreno. A que eu fui era bem no centro de San Pedro, mas normalmente é bem mais afastado da cidade e, nesses casos, parece que rolam umas caronas pra ir e umas caçambas de carro pra voltar, por sua conta e risco. Por serem secretas, não existem informações oficiais sobre essas festas, tudo é descoberto no boca-a-boca.

A cidade tem alguns atrativos turísticos como a Iglesia de San Pedro de Atacama (que os brazucas chamam de “a igrejinha de San Pedro de Atacama”) que data do século XVII e tem entrada gratuita e o Museu Arqueológico Gustavo Le Paige que tem em seu acervo um pouco da cultura pré-colombiana, com entrada de CL$ 2.000 (CL$ 1.000 para estudantes e crianças). Não fui a esse museu em nenhuma das minhas estadas lá e me arrependo. Não sou um cara de museus, mas nos meus últimos dias por lá, tomei gosto por essa pegada arqueológica.

Como a cidade está há quase 2.500m do nível do mar, pode ser que você sofra de soroche, ou “Mal da Montanha”, popularmente conhecido como “Mal de Altitude”, que causa tontura, dor de cabeça e náuseas. Deixe os passeios de maior altitude pros últimos dias pra facilitar a aclimatação. Mascar folhas de coca ou tomar chá de coca aliviam os sintomas. Beba também muita água e nos passeios mais altos, caminhe devagar e respire profundamente.

 

Tem alguma outra dica sobre o Deserto do Atacama? Deixe nos comentários pra ajudar outros viajantes!

 

Confira o guia completo do Deserto do Atacama.

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[Post originalmente publicado em 19/01/2016 no Viagem Primata e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 01/10/2018]

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Sobre Rafael Leick

Rafael Leick

Criador dos projetos Viaja Bi!, Viagem Primata e ExploraSampa, host do podcast Casa na Árvore e colunista do UOL. Foi Diretor de Turismo da Câmara LGBT do Brasil. Escreve sobre viagem e turismo desde 2009. Comunicólogo, publicitário, criador de conteúdo e palestrante internacional, morou em Londres e São Paulo e já conheceu 30 países. É pai do Lupin, um golden dog. Todos os posts do Rafael.

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