2 de abril de 2018

Deixei Vila Velha rumo à Vitória

Acabei de chegar em casa de uma viagem à Vitória, capital do estado do Espírito Santo, e Vila Velha, a cidade vizinha. Foi uma viagem bastante diferente das que tenho feito ultimamente e me fez refletir um tanto. Essa foi a pegada da viagem: a reflexão. E, apesar de as cidades de verdade não serem necessariamente isso na vida real, seus nomes foram muito marcantes pra mim nesse momento da minha vida, de forma bem metafórica.

Olhando pra Vitória, de costas para Vila Velha e o Convento da Penha

Olhando pra Vitória, de costas para Vila Velha e o Convento da Penha

Março foi, pra mim, o mês que deixei pra trás a Vila Velha que eu habitei, daquelas bem tradicionais, com senhores de engenho, capatazes e tudo.

O Convento da Penha daquela minha vila também trazia bem em frente um terço gigante parecendo não ornar com o encanto do lugar, assim como sua versão real, para mostrar que cada conta do terço deve ser rezada como manda o padre.

 

 

A composição, vista de fora, é interessante, diferente, chama a atenção. Mas não dá aos turistas essa visão mais aprofundada que saiu da minha cabeça. Dando as costas para o terço, dava pra ter uma vista do paraíso, com muito sol, natureza e uma ponte que ligava essa Vila Velha à Vitória.

E ali do outro lado, no lado de Vitória, dava pra ver até aviões decolando do aeroporto e alçando altos voos. Eu não tinha dúvidas de que em pouco tempo eu estaria ali. Minha passagem já estava comprada.

 

 

A Fábrica de Chocolates Garoto da vila metafórica tinha bombons deliciosos, barras de chocolate que fazem a gente se deliciar diariamente e muitas histórias contadas e eternizadas no museu. É como se essa empresa familiar também adicionasse novos membros muito queridos à nossa própria família.

Essas são as boas lembranças que trago desse período, mesmo que estejam permeadas por outras histórias de dificuldade, de guerras e algumas embalagens antiiiiigas… Fico imaginando quanto desse chocolate velho, se vivesse nos dias de hoje, não adoraria postar selfies no Instagram com uma embalagem nova, supermoderna e atraente, mesmo tendo um sabor dos anos 1920.

 

 

Minha longa caminhada pela deserta Praia do Coqueiral de Itaparica ficou eternizada nos dedos dos pés com bolhas que vão me lembrar da dificuldade de caminhar em um terreno que parece convidativo, mas que depois de algum tempo, vai criando marcas nos pés e a cada passo que você dá no sentido de desbravar, as areias cutucam e tentam te convencer a voltar. “Você não é capaz” é a mensagem que a areia te manda constantemente. Um desconhecido avisa do perigo que corro ao caminhar por essas praias desertas com toda bagagem que carrego nas costas. “Ela chama a atenção, pode ser perigoso pra você”, me alerta.

Nessa velha vila, minha vontade inicial era poder caminhar toda extensão da praia até alcançar a Praia da Costa, no outro extremo. No meio do caminho, desisti. Acreditei realmente que não era capaz… Talvez nem fosse, porque não era esse meu caminho a trilhar. Pedi um carro particular, porque não queria mais fazer esforço. Meus pés estavam machucados demais, eu estava cansado demais. Mas ao chegar no destino, a Praia da Costa, entendi que as coisas podem não acontecer da forma que planejamos, mas estar ali, sentado na areia mais fofa, descansando as pernas cansadas, olhando para aquele mar imenso, cheio de marolas que só parecem ameaçadoras mas não alcançam a areia, desfrutando os tons de azul e rosa que se mesclam naquele céu de fim de tarde… Como é que isso poderia ser o que não era pra ser?

 

Depois de tanto caminhar por areias difíceis… PAZ! 👼🙏 #viajabi

Uma publicação compartilhada por Rafael Leick (@rafaleick) em

 

O fim de março se uniu àquele fim de tarde para uma conclusão óbvia. Para chegar na (cidade de) Vitória, eu tinha que cruzar a ponte e deixar a Vila Velha pra trás. Era inevitável. E a bateria do celular estava acabando, eu precisaria chamar o carro em breve. Iria acontecer de um jeito ou de outro. Então, aproveitei o quanto pude os últimos momentos daquela Vila Velha, afinal, ela também me trouxe aprendizado e boas lembranças. Observei o mar e o casal de meninos que estava deitado em uma canga na areia, comi um sanduíche com gosto e pechinchei o caldo de cana porque me faltaram moedas. Aí pedi o carro. E cruzei a ponte. Estava rumo à Vitória.

E, parando pra pensar bem, eu trouxe Vitória pra São Paulo, porque eu ainda estou a caminho dela. A Páscoa, celebrada em 1º de abril esse ano, marcou, na minha trajetória e na do Viaja Bi!, um caminho de Vitória de verdade. Não há espaço pra mentiras nessa nova fase. A minha Vila Velha (diferente da cidade de verdade que eu adorei) já está velha e antiquada demais pra caber no novo ciclo. Agora, meu amor, só tem espaço pra Vitória na minha vida.

 

 

Mal posso esperar para celebrar Vitória no famoso Triângulo das Bermudas (área boêmia da cidade) e com muito chocolate que eu trouxe da Vila Velha e outros de Vitória, ou que eu ganhei do hotel ibis Vitória Praia do Canto ou os que eu comprei. Também não vejo a hora de retribuir pro mundo as coisas boas que essa Vitória me prepara, assim como o Projeto Tamar faz pelas tartarugas marinhas. Também estou aberto a experimentar novos sabores, mesmo que não sejam meus preferidos, como fiz provando comidas de frutos do mar e peixe no restaurante Gosto Capixaba.

 

 

Essas reflexões podem não fazer sentido nenhum pra você ou fazer total sentido, tudo depende do significado que você atribuir a elas. Mas elas são reflexões minhas sobre a minha vida em um momento que dois trabalhos foram deixados no passado e a vida pessoal têm tido grandes transformações. Então, independentemente do significado que você atribuiu a todas elas, mesmo que tenha vivido parte dessa jornada comigo, não farão o mesmo sentido que fazem pra mim. Cada caminho pra Vitória é único e depende somente dos seus passos, das suas reflexões e do sentido que elas fazem pra você mesmo. E são reflexões que misturam muitos ângulos da minha vida, então não estão ligadas a nenhuma pessoa, empresa ou momento específico. 🙂

Espero que tenham gostado. Em breve, prometo um conteúdo menos reflexivo sobre VitóriaVila Velha aqui no blog. 😛 Acompanhem também no Instagram, YouTube e Facebook.

 

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Sobre Rafael Leick

Rafael Leick

Criador dos projetos Viaja Bi!, Viagem Primata e ExploraSampa, host do podcast Casa na Árvore e colunista do UOL. Foi Diretor de Turismo da Câmara LGBT do Brasil. Escreve sobre viagem e turismo desde 2009. Comunicólogo, publicitário, criador de conteúdo e palestrante internacional, morou em Londres e São Paulo e já conheceu 30 países. É pai do Lupin, um golden dog. Todos os posts do Rafael.

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6 Comentários

  • Elberth de Oliveira Bertoli
    2018-04-02 14:31

    Foi eu quem postei na sua página no Facebook. Infelizmente estava com outros compromissos e não pude dar as devidas atenções a você e ajudar no seu roteiro pela nossa cidade. Acredito que o pouco tempo não tenha conseguido ver tudo o esse lugar tem a lhe oferecer. Prometo que na sua próxima vinda, meu marido e eu iremos te acompanhar para um passeio maravilhoso. Se você achou nossa cidade bacana, precisa ver os outros lugares lindos e escondidos (dos trajetos turísticos) que temos por aqui. Volte sempre! Vila Velha e Vitória te abraçam com carinho.

    • Rafael Leick
      2018-04-02 18:04

      Oi, Elberth, tudo bem?
      Poxa, muito obrigado pela mensagem e pela disponibilidade. Fico feliz de ter gente tão legal me acompanhando por aqui. Numa próxima, então, marcamos sim. Quero conhecer Pedra Azul, me falaram muito bem e é um estilo de viagem que gosto bastante. 🙂
      Brigadão! Bjs

  • Edna Leick
    2018-04-03 00:31

    Adorei!!!
    Sua experiência de vida é fascinante, assim como seu relato “metafórico”.
    Você traduz em palavras, muito bem, muito do que sentimos!!!
    Parabéns!!!
    Continue rumo à Vitória!!!

    • Rafael Leick
      2018-04-03 00:53

      Ah, muito obrigado! <3
      Fico muito feliz de ter esse feedback. 🙂
      bjs

  • Natalia
    2018-04-03 19:21

    Adorei seu texto, rafa. Bem reflexivo e bem escrito. Vitória sempre! Bjs!

    • Rafael Leick
      2018-04-04 01:12

      Ah, brigado, sua linda! <3 Muito bom escrever o que vem de dentro, sempre sai melhor. 🙂 Brigado pelo apoio de sempre. bjs

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