27 de março de 2014

Toque Toque Pequeno: viagem que tudo deu errado (mas foi legal)

Não tem jeito. Por mais que você se programe, prepare, planeje, os perrengues de viagem sempre acontecem. Ou você acaba esquecendo algo que iria precisar e leva coisa a mais. Ou acontecem acidentes. Ou imprevistos testam sua paciência ao limite. Ou tantas outras coisas que podem dar errado em uma viagem. Nesse último final de semana fui pro litoral norte de São Paulo para descansar e fazer umas fotos junto com meu amigo Emerson, que está investindo nesse hobby agora. Como eu já tinha ido no ano passado e gostado, escolhemos a praia de Toque Toque Pequeno, na cidade de São Sebastião, porque além de ótimo visual, também poderíamos descansar no tempo livre, afinal a semana anterior tinha sido bastante estressante pra nós dois.

Eu e o Emerson bem felizes na praia de Toque Toque Pequeno, em São Sebastião

Eu e o Emerson bem felizes na praia de Toque Toque Pequeno, em São Sebastião

E foi aí que tudo começou. Preparados? Senta que lá vem história…

 

Toque Toque Pequeno: um perrengue atrás do outro (mas vale a pena!)

Quando estávamos planejando a viagem, convidamos alguns amigos pra irem junto também, afinal, além das fotos, iríamos descansar. Mas justamente nesse final de semana, eles tinham algum compromisso que realmente não dava pra adiar. Era de show do Metallica a estar alocado nos EUA por conta de trabalho. Conseguimos mais um amigo pra ir, mas que de última hora acabou desistindo por questões financeiras.

Ok, já que iríamos só os dois, abortaríamos a ideia de alugar um carro, porque não ia compensar tanto (ia ter que pegar na sexta e devolver segunda, 4 diárias) e resolvemos encarar nosso espírito aventureiro e ir de busão.

Comprei nossas passagens durante a semana e lá fomos nós. Chegamos em cima do horário no Terminal Rodoviário Tietê, mas dava pra pegar algo pra comer, pois estávamos morrendo de fome. Pra acelerar o processo, fomos na máquina de autoatendimento do Bob’s. E me lembrei porque às vezes não gosto de autoatendimento. Ela cobrou, mas não emitiu o ticket do nosso pedido. E ninguém parecia muito disposto a ajudar até eu engrossar o tom pra ser atendido.

Chegando na plataforma, o ônibus atrasou um pouco pra sair. Mas já sabemos como é, né, Brasil? #imaginanacopa

Dica: se forem de ônibus, escolham o que vai por São José dos Campos, bem mais rápido.

Rodoviária de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo

Rodoviária de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo

A viagem não tinha acabado ainda! Nessas longas 5h30 de estrada, o Emerson se deu conta de que não tinha levado o carregador da bateria (sem carga) da máquina fotográfica e eu me dei conta de que esqueci de comprar a passagem de volta, veja só! “Que raio de blogueiro de viagem é você?”, disse ele, com razão. E pra comprar, teríamos que ir pro centro da cidade, há uns 40min, 1h de ônibus local. Mas já volto a esse assunto.

Quando eu finalmente consegui pegar no sono, o ônibus deu uma freada e desviou do carro que vinha no sentido contrário. Sei que acordei com esse barulho e um “cataploft” ali perto. Aí ouvimos “mãe, a senhora tá bem, caiu?”. Uma idosa sem cinto de segurança escorregou e se estabacou no chão, tadinha. Por instinto, dei um pulo, tentei com dificuldade tirar o cinto (ainda estava chapado de sono), e corri pra socorrer a véia.

O Emerson narra esse episódio como “engraçadamente heroico”, já que eu tava dormindo e depois de um salto repentino tava com a velha nos braços ajudando-a a levantar. Me senti o Super-Homem. Enfim, ela cortou a perna, espalhou sangue pelo chão mas disse que estava bem. 😮

Tentei me recuperar do susto, ajustei o travesseirinho que levei pra ficar mais confortável e tentei me desligar do som das vozes da filha da velhinha, que era irritante e alto, e da própria, que era bem estereotipado, no estilo programa de humor. Quando a filha vira pra trás e solta “moço, você pode emprestar seu travesseirinho pra minha mãe poder encostar aqui, pra ficar mais confortável, te devolvo quando chegar lá”. Depois do choque inicial por uma cara-de-pau que eu nunca teria, tentei praticar o desapego e ofereci o travesseirinho, sem intenção de pegar de volta.

Eu e o Emerson no apê que alugamos na praia de Toque Toque Pequeno, em São Sebastião

Eu e o Emerson no apê que alugamos na praia de Toque Toque Pequeno, em São Sebastião

Quando finalmente chegamos, exaustos e loucos por um banho, na hora de pegar a chave do apê que alugamos, a moça falou “só tem um problema, estamos sem luz”. Acho que era alguma força divina que queria que eu contasse essa história aqui. Mesmo assim, tomamos um banho (gelado) e capotamos.

No dia seguinte fomos tomar café da manhã num dos únicos lugares ali perto que existia, afinal a praia é bem tranquila, pra descansar mesmo. O café da manhã saiu pela mísera quantia de R$ 20! 😮 Você não leu errado. Foram realmente R$ 20! Cada!!! Mas que opção tínhamos, né? Nos sentamos e antes mesmo de comer, fomos comidos pelos mosquitos, que picaram por cima das picadas que tomamos à noite, mesmo com repelente.

A dona do restaurante, o dia inteiro vestindo o que parecia ser uma camisola, nos ofereceu óleo de citronela pra passar quando ela viu a gente se coçando todo.

Centro de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo

Centro de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo

Nos arrumamos para ir pro centro atrás do carregador e da passagem. A senhora nos disse que o ônibus passava a cada 1h e demorava meia hora pra chegar ao centro. Esperamos 1h pelo ônibus e mais que meia hora pra chegar, mas chegamos. Nunca vi tanto lugar que poderia ter esse carregador tão pertinho um do outro. No entanto, nenhum deles tinha. E as duas únicas lojas de foto já estavam fechadas. 🙁

Depois disso, acho que não deu mais nada muito errado. Mas já foi o suficiente, né? Na viagem ao Chile e Bolívia, já tô garantido; a cota de perrengues desse ano já paguei!

Paramos pra comer e, no restaurante, nos informaram que não dava pra comprar a passagem ali do lado na rodoviária porque ela tinha inaugurado naquele dia, “mas sabe como é, obra de fachada, inauguraram mas não tá pronta”, foi o que ouvimos. Tivemos que caminhar até perto da balsa para comprar e chegando lá nos disseram que só aceitavam dinheiro. Voltamos todo caminho a pé, passamos no banco, andamos tudo de novo, compramos a passagem, e depois tuuuudo de novo pra ir ao mercado comprar coisas pra comer à noite e no dia seguinte. Mas fizemos isso correndo pra não perder o ônibus que sai a cada 1h de volta pra Toque Toque Pequeno. Ufa!

Mas agora vem a melhor parte… pra você que não tava lá, claro. Uma criança desgramenta resolveu abrir o berreiro pro Michael Jackson ouvir no além. Gente, aquela criança não era de Deus. Por mais de meia hora, a infeliz gritou com tanta força que achei que ela ia explodir tipo esse passarinho (secretamente torci pra isso acontecer, confesso).

E logo nas primeiras paradas da viagem de quase 1h, uma tia perguntou, “Motorista, você espera eu ir ao banheiro, não sei se aguento até chegar lá”. Não é que o cara esperou? E o guri chorando, só parou depois de 20min. Nesse dia, fiquei com uma enxaqueca que travou meus músculos do pescoço até agora (já são 5 dias). Enfim…

Praia de Toque Toque Pequeno, em São Sebastião

Praia de Toque Toque Pequeno, em São Sebastião

Nas pedras de um dos cantos da praia de Toque Toque Pequeno, em São Sebastião

Nas pedras de um dos cantos da praia de Toque Toque Pequeno, em São Sebastião

 

Lição do perrengue: Viaje sempre de carro para o litoral norte de São Paulo.

 

Mas, como você pode conferir nas fotos que ilustam esse post, a praia de Toque Toque Pequeno é linda, muito gostosa. Vale a pena conhecer. Só vá de carro… 🙂

Gostou do perrengue? Deixe nos comentários os seus também!

 

Reserve seu hotel em São Sebastião

 

[Post originalmente publicado em 27/3/2014 no Viagem Primata e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 23/12/2020]

 

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Sobre Rafael Leick

Rafael Leick

Criador dos projetos Viaja Bi!, Viagem Primata e ExploraSampa, host do podcast Casa na Árvore e colunista do UOL. Foi Diretor de Turismo da Câmara LGBT do Brasil. Escreve sobre viagem e turismo desde 2009. Comunicólogo, publicitário, criador de conteúdo e palestrante internacional, morou em Londres e São Paulo e já conheceu 30 países. É pai do Lupin, um golden dog. Todos os posts do Rafael.

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