Trekking Colca Canyon e voo do condor | Mochilão Peru #15
Chegamos à metade do Mochilão no Peru. E comemorei saindo pra o trekking Colca Canyon, ou Cânion del Colca, um lugar formidável. Esse é o relato do primeiro dia dessa aventura. Estou escrevendo um dia depois porque fiquei sem conexão por lá, como já era esperado. 😉
MOCHILÃO NO PERU – DIA 15 – 28/2 – DOMINGO
Trekking Colca Canyon
Dia intenso no mochilão no Peru. Hoje foi dia de fazer o trekking Colca Canyon, também conhecido como Cânion del Colca ou Canion del Colca, que é uma sequência do Valle del Colca. O Rio Colca, que correio no meio do cânion, tem 440km, desembocando no Oceano Pacífico. O cânion em si tem 100km.
Acordamos às 2h30 já que o tour estava previsto pra sair aqui do Park Hostel às 3h. O Friedrich decidiu fazer o tour comigo ontem, quando compramos o pacote. Estávamos prontos na hora, mas a agência Tawantinsuyo Tour (fica na Plaza de Armas de Arequipa) se atrasou.
O recepcionista do hostel falou pra voltarmos a dormir que na hora que eles chegassem, ele chamava a gente. E isso aconteceu às 3h30.
Entramos numa van super apertada e graças ao Primata eram só 20min até um posto de gasolina, onde tinha um ônibus maior esperando pela gente. Ufa! Ele levou a gente até Chivay, onde tomamos o café-da-manhã continental, que era mais simples que o do Park Hostel. Tinha pão, manteiga, geleia de morango, água quente, sachês de chá e café (eles tomam café muito aguado) e folhas de coca para mascar e/ou fazer chá.
O povoado é super pequeno e bem simples, mas não conhecemos nada lá, passamos só pra comer mesmo. 😛
No caminho passamos por vários povoados e vilarejos e a guia, que tinha uma voz chatinha, foi explicando detalhes do Valle e do Cânion em inglês e espanhol. Como falo as duas línguas, ouvi duas vezes cada explicação. 🙁 Chato pra mim, bom pros estadunidenses que estavam conosco. Mas o inglês da guia não era perfeito e ela cometia erros, mas ela estava fazendo até mais do que precisaria. A cada erro, um dos estadunidenses fazia uma careta como “de saco cheio”. Fiquei fulo, mas… bora, né?
O Valle del Colca era, há milhares de anos, uma caldeira magmática de um imenso vulcão, que entrou em erupção e explodiu, formando o vale. Só uma curiosidade: a diferença de vale e cânion é que o vale tem mais abertura que profundidade e o cânion tem mais profundidade que abertura.
As terras do Valle del Colca são de rochas sedimentares, então sofrem bastante com deslizamento. Muitos moradores, inclusive, se mudaram pra outras cidades.
É cheio de “terrazas” para a agricultura, formando microclimas para cada tipo de plantação e cultivo. Elas tem origem pré-Inca. O Império Inca só chegou à região por volta do ano 1600, se não me engano. Hoje, muitas terrazas estão abandonadas por conta do clima difícil da região.
Paramos em um mirante pra ver o final do vale e o início do grandioso Colca Canyon, o segundo mais profundo do mundo, só perdendo pra um outro cânion no próprio Peru. Não, se você pensou no Gran Canyon, nos Estados Unidos, ele tem cerca de metade do tamanho do Colca Canyon. 😮 E nós começamos a descida em 3.300m de altitude.
A parada mais importante da primeira parte do passeio é com certeza o Mirante Cruz do Condor, onde pode-se avistar o segundo maior pássaro da terra, o condor.
É importante ressaltar que existem três tipos de passeio para o Colca Canyon e eles influenciam na observação dos condores, pelo menos com essa agência. Os três tours vão de ônibus até o Mirante e a partir daí tomam caminhos diferentes.
Se você fizer o tour de 1 dia, tem 1h pra observação dos condores, depois entra no busão e faz o caminho de volta pra Arequipa, parando em alguns pontos de interesse no caminho, incluindo os banhos termais, com entrada opcional de S./ 15. Essa entrada e a de S./ 70 (ou S./ 40 para sul-americanos) para a Reserva Nacional valem pra todo mundo.
O tour de 2 dias, que foi o que escolhi, ou o de 3 dias, inclui o trekking Colca Canyon. Para quem quer curtir o Mirante é um pouco decepcionante, pois teríamos somente 20min pra observar os condores. Mas em menos de 10min a guia já estava pressionando quem faria o trekking (de 2 ou 3 dias) pra ir embora. Fiquei puto, mas beleza!
Quando estávamos entrando no busão, alguém avistou um condor e gritou pra todo mundo ver. Pelo menos deu pra tirar umas fotos. São ao todo 45 aves no cânion, com cerca de 1,20m de comprimento da cauda à cabeça e a envergadura da asa varia de 2,70m a 3,20m. No caminho de ônibus, vimos outros passando por cima da gente.
Fomos finalmente pro ponto onde o bagulho ficou sério. Aproveite pra comprar ali seu papel higiênico (S./ 1), se já não tiver o seu, e snacks.
O grupo de 2 e de 3 dias faz o mesmo percurso na primeira parte do tour. É uma descida de 3h30 até a ponte que atravessa o Rio Colca, onde encontramos nosso guia, Walter, muito gente boa. O guia que desceu com a gente até lá, Carlos, não falava bem inglês, mas era também muito gente fina, guiou bem nosso grupo e estava sempre preocupado de não nos separarmos muito.
Por coincidência, os mais rápidos na descida foram todos que estavam no grupo de 2 dias, o meu grupo. Então a partir de certo ponto, o guia falou que podíamos ir na frente que ele ficaria entre os dois grupos, olhando os dois. No grupo de trás, a galera era basicamente dos Estados Unidos e Canadá.
Chegando à ponte, nos juntamos com um grupo maior, totalizando 13 pessoas (fora o guia) da Alemanha, Suíça, Holanda e França. Mal tivemos tempo pra sentar e descansar e já atravessamos a ponte pra continuar a caminhada e parar pra almoçar.
Subimos por uns 20min do outro lado do cânion e paramos numa das casas do vilarejo San Juan de Chuccho para comer. Todas as refeições de hoje e o café-da-manhã de amanhã estão incluídas no preço do tour. Fechamos o tour de 2 dias com trekking por S./ 110, o valor mais barato que encontramos aqui. O maior foi de S./ 200.
Para o almoço, de entrada tinha sopa de quinoa e de prato principal, lomo saltado. As bebidas você compra se quiser. Paguei S./ 6 numa garrafa de água (de ouro) de 500ml. Pra comparação, já comprei de 2,5L por S./ 1,80. Caríssimo!
Tivemos uns 20min pra um cochilo e seguimos numa das piores partes pra mim, subindo em grande altitude, logo depois do almoço e com sol forte na cabeça. Mas é um visual impressionante, vale a pena!
Chegando finalmente ao oásis depois de mais umas 4h de caminhada, totalizando cerca de 14km, caímos na piscina, tomamos um banho (frio), ficamos mortos, jogamos shit head (um jogo alemão de cartas) e jantamos uma sopa estranha mas que ficou uma delícia quando adicionei fome nela e macarrão, além de um chá quentinho antes de dormir.
Agora bora, porque o dia amanhã começa cedo. Levantaremos às 4h da matina!
Reserve hotel em Arequipa
Veja tudo sobre meu mochilão no Peru
[Post originalmente publicado em 29/02/2016 no Viagem Primata e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 24/11/2018]
15 Comentários
Eloah Cristina
Uau Rafa!
Estou babando com esse dia.
Que impressionante as vistas e o que a natureza reserva pra gente né.
AMEI.
Rafael Leick
Nossa, sem dúvida. Foi incrível. Não conseguia parar de olhar a natureza. Mentira. Conseguia sim, quando tentava me concentrar pra subir mais um pouco rs
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Fabio Pastorello
Que lugar maravilhoso hein? Amei. Adoro cânions!!! De cima, dos lados, de dentro, de todos os ângulos!
Rafael Leick
Nossa, o lugar é incrível. Você ia pirar!
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Leandro Zoratto
Olá Rafael,
Primeiramente parabéns pelo blog. Estou planejando minha viagem para o Peru em Setembro e seus relatos e dicas têm sido muito úteis.
Gostaria de te fazer algumas perguntas sobre o trekking no Cânion del Colca. Você fez o trekking de 2 dias. Você sabe qual a diferença para o trekking de 3 dias? O trekking de 3 dias seria “menos” puxado?
Se eu fizer o de 2 dias talvez eu consiga encaixa no meu roteiro a subida ao Vulcão Misti (2 dias). Único problema é que ficaria um na sequência do outro. Vi que você não fez o Misti, mas já ouviu falar? Tem alguma referência?
Obrigado!
Abs.
Rafael Leick
Oi, Leandro.
Valeu pelo comentário e pela visita.
Olha só, a diferença do trekking de 2 e 3 dias é uma parte pequena a mais. Você faz com mais tempo, passa por uma parte a mais. Mas eu, sinceramente, acho melhor fazer o de dois dias.
Não subi o Misti mesmo, mas um amigo austríaco que estava comigo subiu e curtiu. Dizem que vale muito a pena. Cara, é um vulcão! Eu subi o Lascar, no Chile, não sei se você leu o relato aqui no blog, e foi sensacional! Uma experiência única. Acho que compensa o cansaço mesmo que ficar na sequência, cara. Se você não leu, procura aqui porque tem dicas pra subir em altitude, mesmo que não seja o mesmo vulcão. 😉
Fico feliz de ajudar de alguma maneira. Espero que tenha conseguido. Na hora de fazer as reservas de hospedagem e seguro viagem não deixa de fazer aqui pelo blog pra me ajudar também tá? Você não paga a mais por isso. Mas me ajuda mesmo assim rs
Qualquer outra dúvida, grita aí.
Abs
Leandro Zoratto
Rafael, muito obrigado!
Acabei de ler o seu relato sobre o Lascar e só me deu mais vontade de subir o Misti rs. As dicas também serão muito úteis.
Vou fechar o seguro pelo seu blog e tentar algumas hospedagens.
Vou te mandar mais umas perguntinhas em outros posts .
Obrigado!
Abs
Rafael Leick
Oi, Leandro.
Fico feliz que tenha incluído o Mitsi no seu roteiro. Tire bastante foto e guarde os detalhes do seu relato. Quem sabe quando você voltar ele não venha parar aqui? 🙂
Valeu pelas reservas. Me ajuda bastante. 😉 Pode mandar bala nas perguntas! Tamos ae!
Abs
Leandro Zoratto
Muito obrigado Rafael! Voltarei aqui com o meu relato! Abs