Gay Games: Paris se prepara pra receber as Olimpíadas LGBT
Acabou a Copa da Rússia de futebol e a França foi campeã. Nada mais providencial para a próxima grande competição esportiva. Duas semanas depois do fim do mundial do futebol na homofóbica Rússia, a resposta vem em alto e bom som. Paris, capital da França e cidade mais visitada do mundo, receberá, a partir de 4 de agosto, a 10ª edição dos Gay Games.
Tá, Rafa, show essa analogia, mas o que é o Gay Games que eu nunca ouvi falar? Bi, a senhora tá super desinformada. Quer dizer, eu também estava até o ano passado, quando descobri o evento. Não sabia o que era de fato, se era só uma brincadeira ou esporte levado a sério… ou os dois.
Na verdade, eu já tinha ouvido falar dele por conta de uma propaganda brasileira maravilhosa, perturbadoramente excitante e um tanto fetichista dos Gay Games de Sydney, em 2002 em que ficou grudada na minha cabeça com jogadores de futebol formando uma barreira, mas ao invés de proteger seu próprio saco, protegia os dos colegas.
O Gay Games é uma competição mundial esportiva, promovida pela Federation of Gay Games que tem o intuito de promover a igualdade e a diversidade. É como se fossem as Olimpíadas LGBT (ou Jogos Olímpicos LGBT, chame como quiser).
Apesar de ter o nome Gay Games, vale lembrar que o evento não é focado só nos homens gays, ele é uma celebração mundial da diversidade nos esportes, abraçando toda a comunidade LGBT+. Lá fora, é muito comum o uso da palavra “gay” para identificar toda a comunidade, como já falei antes aqui no blog. Há lésbicas que dizem “I’m gay”, por exemplo.
Histórico e legado do Gay Games
O Gay Games teve sua primeira edição há 36 anos, em 1982 (eu não era nem nascido, e vocês?), em São Francisco (EUA), fundado pelo decatlo olímpico estadunidense Tom Waddell, e acontece a cada 4 anos, como uma Olimpíada tradicional.
A diferença é que não há contagem de medalha por país, segundo os organizadores, pois a proposta é unir, e não dividir. Lacrou. Participam do mesmo evento atletas de todas as categorias, de amadores a profissionais federados, e as pessoas com deficiência também, não em um evento separado.
A segunda edição também aconteceu em São Francisco (1986) e depois começou sua itinerância pelo mundo. Veja quais as cidades que já receberam os Gay Games:
- Gay Games I – São Francisco, EUA 🇺🇸 (1982)
- Gay Games II – São Francisco, EUA 🇺🇸 (1986)
- Gay Games III – Vancouver, Canadá 🇨🇦 (1990)
- Gay Games IV – Nova York, EUA 🇺🇸 (1994)
- Gay Games V – Amsterdam, Holanda 🇳🇱 (1998)
- Gay Games VI – Sydney, Austrália 🇦🇺 (2002)
- Gay Games VII – Chicago, EUA 🇺🇸 (2006)
- Gay Games VIII – Colônia, Alemanha 🇩🇪 (2010)
- Gay Games IX – Cleveland + Akron, EUA 🇺🇸 (2014)
- Gay Games 10 – Paris, França 🇫🇷 (2018)
- Gay Games 11 – Hong Kong, Hong Kong 🇭🇰 (2022)
Segundo o OutSports, o evento injetou, em sua última edição, USD 52 milhões na economia da cidade de Cleveland, que foi a cidade-sede. A próxima edição vai pra Ásia pela primeira vez.
Gay Games Paris 2018
Em sua terceira vez na Europa, o Gay Games desembarca na terra dos campeões da Copa do Mundo da Rússia entre 4 e 12 de agosto para mostrar que todos são iguais. “All Equal” é inclusive o tema dos jogos desse ano, que têm o apoio de várias entidades francesas e empresas. Da área do turismo, que é nosso foco aqui, o Gay Games tem apoio de duas empresas globais, Air France e misterb&b, e duas locais.
As competições ocorrem em vários pontos de Paris e região, incluindo os estádios Jean-Bouin e Charléty. O Gay Village, que terá atividades diárias até às 22h estará instalado no átrio do Hôtel de Ville. Manja o que é esse lugar? Esse prédio histórico abriga nada mais, nada menos que a Prefeitura de Paris, mon amour (normalmente escrevo aqui “monamu”, mas é um post sobre a Cidade-Luz, não dá pra brincar, né?)!
A cerimônia de abertura acontece no estádio Jean-Bouin com desfile de nações e show. No mesmo dia, à noite, tem uma festa de gala no finíssimo edifício Grand Palais, que tem o maior teto de vidro da Europa. E sabe quem vai tocar nela? Ninguém mais ninguém menos que o DJ israelense Offer Nissim. Tá, meu bem?
Já são mais de 10 mil participantes registrados, vindos de mais de 70 países, competindo em 36 modalidades. Além das atividades esportivas, a cidade receberá também 14 atividades culturais e festividades. A expectativa é de receber cerca de 40 mil visitantes e 300 mil expectadores, além dos 3 mil voluntários que trabalharão para tudo correr bem.
Brasil no Gay Games Paris 2018
O Brasil estará presente no Gay Games pela primeira vez com uma delegação e já chega com a segunda maior da América Latina, só atrás do México. Nosso país nunca teve mais que 15 atletas participando. Esse ano são 64 brasileiros inscritos (58 participantes e 6 voluntários) contra 93 mexicanos, sendo 44 homens e 20 mulheres entre 18 e mais de 51 anos. Rio e SP lideram o ranking, mas a delegação ainda conta com brasileiros do Paraná, Santa Catarina, Distrito Federal, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, além de expatriados que moram na França.
O Brasil estará presente nas seguintes modalidades: futebol, vôlei, vôlei de praia, atletismo, corrida 5 & 10 km, semi-maratona e maratona, natação, esgrima, tênis e ciclismo VTT.
Masssss, como por aqui as coisas não estão fáceis, graças aos nossos políticos corruptos e ladrões lindos e fofos #sqn, mais de 10 podem ser cortados por falta de verba e são justamente atletas vindos de programas sociais, que não têm condições de pagar sua viagem.
Para ajudar os atletas, foi criada no fim do ano passado a Delegação Paris 2018 Espírito Brasil, que está com um crowdfunding aberto para captar recursos, patrocínios, apoios e permutas. Vamos torcer para que o Brasil consiga estar bem representado lá em número. Se quiser colaborar, clique aqui.
A organização do Espírito Brasil também está promovendo eventos beneficentes em São Paulo e Rio de Janeiro para arrecadar fundos. Nesse sábado, 21 de julho, a festa paulistana acontece no HUNT Bar (infos aqui) e no dia 28, o Barracão da Mangueira recebe uma feijoada beneficente (infos aqui).
O futebol gay brasileiro, que já foi pauta na nossa cobertura da Parada LGBT SP 2018 e vêm ganhando cada vez mais destaque, será representado pelo time carioca BeesCats Soccer Boys e contará com dois reforços do Bulls. Ambos se enfrentaram na final da 2ª Champions Ligay, com vitória do time paulistano. O líder do BeesCats, André Machado, diz que só o fato de defender o país em uma competição internacional já é uma conquista.
Viaja Bi! no Gay Games
E se o Brasil estará dentro das quadras, se fará presente também fora delas, porque euzinho viajo para Paris logo logo a convite da Atout France e do Visit Paris Region, responsáveis por promover turisticamente a França e Paris e seus arredores, respectivamente.
Quando eu voltar e os artigos começarem a ser publicados, vou listar todos eles aqui abaixo, mas me acompanhem no Instagram durante a viagem que publicarei tanto no feed quanto no Stories. 😉
Au revoir, mon amour! 😛
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