1 de dezembro de 2016

Marcha del Orgullo, a lacradora Parada LGBT de Buenos Aires

Parada LGBT é sempre um troço maluco de se experimentar. A de São Paulo é uma doideira, a maior do Brasil. Mas no último sábado, dia 26 de novembro, foi a minha primeira Parada fora do nosso país: a Marcha del Orgullo, em Buenos Aires. E o tema desse ano foi “Basta de violência institucional e assassinatos a pessoas trans. Lei Antidiscriminatória já!”.

Abertura da Marcha del Orgullo

Abertura da Marcha del Orgullo

Quando comecei a pensar o que faria com meus 12 dias de férias, olhei o Calendário Gay Internacional aqui do Viaja Bi! pra ver se ainda tinha algum evento grande rolando esse ano e, assim, eu poderia otimizar a viagem. Eu já tava com Buenos Aires na cabeça porque sabia que a Marcha del Orgullo era no fim do ano, mas fui conferir e, pimba! Passagem não tava tão cara pela Qatar Airways, comprei e fui, lindo e glamuroso!

O que era férias virou trabalho aqui pro blog e fiquei 12 dias na Argentina, conhecendo, além de Buenos Aires, Rosário e Bariloche (entenda melhor aqui). Todos os dias lindos de sol, com exceção de um, que choveu o que não chovia há 3 anos. Qual foi esse dia? O da Marcha del Orgullo! Muita zica! Mas bi que é bi não se abala e pergunta pro mundo: “já acabou, Jéssica?”. 😛

Tá, resumindo, vamos ao que interessa!

Drag queens dão entrevista para a TV

Drag queens dão entrevista para a TV

 

 

Marcha del Orgullo 2016 Buenos Aires

O babado começa por volta das 13h, na Plaza de Mayo, onde fica a Casa Rosada, centro de poder argentino. Lá rola uma feirinha da diversidade com várias barraquinhas, nos moldes da que rola aqui em Sampa no Anhangabaú (veja no vídeo que gravei com o Chá dos 5), e rola até umas 16h, que é quando começa de fato a Marcha del Orgullo.

Eu fiz o tour Lado B de Buenos Aires, do blog Aires Buenos, de manhã até o meio da tarde, voltei debaixo de chuva pro Esplendor Hotel Buenos Aires pra me arrumar e fui pra lá.

Marcha del Orgullo também é protesto

Marcha del Orgullo também é protesto

E, como tinham me dito que a Marcha del Orgullo só sairia de fato por volta das 17h, 18h, eu dei uma enrolada e cheguei umas 17h30. Mas eu cheguei tarde. Bem tarde!

A feirinha estava acabando e o último carro estava saindo ali da concentração, ainda debaixo de chuva. Minha dica é chegar nos horários previstos, mesmo que demore um pouco pra começar.

Um dos carros de som

Um dos carros de som

A Marcha del Orgullo sai ali da Plaza de Mayo, percorre toda a Avenida de Mayo e acaba no Congresso Nacional. Uma linha reta e plana. Pá pum!

Tendo como comparação a Parada LGBT de São Paulo, a de Buenos Aires é muito menor e mais simples. Os carros são os mesmos que usamos aqui nos bloquinhos de rua no Carnaval. Mas isso não faz dela menos importante e essencial.

Grupo de esportistas LGBT

Grupo de esportistas LGBT

Quem tá mais bafo? A drag 1, a drag 2 ou a drag cachorro?

Quem tá mais bafo? A drag 1, a drag 2 ou a drag cachorro?

Argentina ganhou espaço no cenário LGBT mundial e roubou do Rio de Janeiro o posto de capital gay da América Latina. E, miga, sua loka, eles tão muito à nossa frente no quesito aceitação. Sério!

Vários carros passaram pela avenida, alguns mais temáticos, outros de organizações, outros um pouco mais políticos, meio que nos mesmos moldes que acontece aqui, numa escala menor. E que eu gostei mais, na verdade, porque tem menos gente, então você tem espaço pra caminhar, pra dançar… E depois que a chuva passou, então, melhor ainda!

Bundinhas aparecendo!!! :P

Bundinhas aparecendo!!! 😛

E não tem a atmosfera de pegação forte que tem aqui. Aliás, bi, na Argentina, eles são super europeus nesse sentido. Nos boliches (baladas), tem pouca gente se pegando e poucos se olhando na caça. Se essa é sua intenção, baixa um pouco o fogo. 🙂

Também achei a Marcha del Orgullo mais política do que a nossa. Os argentinos são naturalmente mais protestadores e contestadores, vão pras ruas, fazem cartazes, pencas de manifestações e tal. Então, é natural que na Marcha del Orgullo também rolasse isso. Mas ouvi mesmo de locais que esse ano foi um pouco mais político que o normal.

A Marcha del Orgullo teve um lado mais político

A Marcha del Orgullo teve um lado mais político

Muita gente e muitas bandeiras do arco-íris

Muita gente e muitas bandeiras do arco-íris

Eles estão politicamente num período similar ao nosso (ex-presidência de “esquerda”, com acusações de corrupção e um novo presidente super conservador de “direita”, que aparentemente tá dando um jeito na economia, mas retrocedendo passos largos nas questões sociais, inclusive a LGBT).

Economicamente, eles estão ainda pior. Inflação de 40% ao ano, moeda super desvalorizada, mas os preços muito altos, mesmo pra gente. Nossa moeda vale mais que a deles, mas as coisas estão muito mais caras agora que em São Paulo. Calma, bis, dá pra sobreviver, viajar pra lá e conhecer tudo (e vale a pena), só tem que planejar bem os gastos de plata (dinheiro) por lá.

Bateria tipo escola de samba do Brasil!!!

Bateria tipo escola de samba do Brasil!!!

Voltando à Marcha del Orgullo, mas ainda falando de conservadorismo, de manhã ouvi dizer que estavam pensando em fazer ali também a Marcha do Orgulho Hétero. Oh, gente, sério? Mas a única manifestação contrária que eu vi foi um senhor, de seus 60 e poucos anos, paradinho, segurando um cartaz que dizia algo do tipo “vocês um dia vão se arrepender, vão encontrar a luz”.

Me arrepender do que, meu senhor? Eu só quero amor! R-O-L-A, amor! ❤️ Bom, as pessoas passaram direto por ele, não dando muita bola e seguiram caminho. E, gente, tinha criança, famílias, héteros, cachorros… Todo mundo junto pela diversidade. Uma lindeza!

Bandeira da Argentina, bandeira LGBT e Congresso ao fundo

Bandeira da Argentina, bandeira LGBT e Congresso ao fundo

E é tudo bem rápido. Umas 19h30, 20h, todos os carros já tinham chegado ao Congresso Nacional. Ali tinha um palco montado, com o Congresso de pano de fundo, ambulantes vendendo camisetas, artesanato e alguns (poucos) produtos com o arco-íris. E ali é aquele fim de festa gostoso que a gente gosta, né?

Logo no comecinho da Marcha del Orgullo, eu fui seguindo bem rápido por ela, passei por todos os carros e “blocos” até chegar ao início, com quem segui até o final. E ali, vi todo mundo passar de novo. Isso é legal, tem mobilidade e você vê tudo, diferente do que rola aqui. Mas é igualmente difícil encontrar alguém lá. Não encontrei meus amigos, com quem marquei de ver logo no início durante todo o trajeto.

Palco montado em frente ao Congresso

Palco montado em frente ao Congresso

No meio do desfile, tinham, pelo menos, dois blocos de percussão, numa mistura de Olodum com bateria de escola de samba, sabe? Na hora que eles chegaram ao Congresso, fiquei ali, sambando com eles e vendo as travestis, as gays, as lésbicas e os héteros, tudo sambando junto com o batuque.

Foi mara! Mas eles são argentinos mesmo, viu? Só devem ter sangue brazuca, certeza! 🙂

Propaganda da Marcha del Orgullo ocuparam a cidade

Propaganda da Marcha del Orgullo ocuparam a cidade

De lá, voltei caminhando ao Esplendor Hotel Buenos Aires porque iria sair à noite para um pub crawl gay. No caminho, quando cruzei a Avenida 9 de Julio, uma das mais largas do mundo (16 faixas), resolvi dar um pulo no Obelisco pra tirar umas fotos, já que o jardim vertical que fizeram na frente dele com as letras BA (de Buenos Aires) estava com uma bandeira LGBT colocada.

Babado, confusão e gritaria!

Jardim vertical com as letras BA vestiram as cores do arco-íris

Jardim vertical com as letras BA vestiram as cores do arco-íris

Congresso Nacional

Congresso Nacional

Bom, e foi essa minha aventura na Marcha del Orgullo 2016, em Buenos Aires, na Argentina. Foi minha primeira Parada LGBT fora do Brasil e uma baita experiência. Voltaria? Super! Vamos voltar ano que vem? Bora!

 

Nessa viagem, o Viaja Bi! teve apoio da CCGLAR e Fën Hoteles. As opiniões expressadas sobre as experiências serão isentas e pessoais.

 

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Sobre Rafael Leick

Rafael Leick

Criador dos projetos Viaja Bi!, Viagem Primata e ExploraSampa, host do podcast Casa na Árvore e colunista do UOL. Foi Diretor de Turismo da Câmara LGBT do Brasil. Escreve sobre viagem e turismo desde 2009. Comunicólogo, publicitário, criador de conteúdo e palestrante internacional, morou em Londres e São Paulo e já conheceu 30 países. É pai do Lupin, um golden dog. Todos os posts do Rafael.

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4 Comentários

  • Gui Takahashi
    2016-12-15 09:55

    Já visitei Buenos Aires e adorei lá. Realmente deve ser lindo ver as ruas da cidade, de arquitetura tão bonita, cheias de arco-íris e glitter! Gosto do fato dos argentinos serem contestadores e politicamente envolvidos. É uma pena que a situação econômica não esteja tão boa. Quem sabe na próxima eu volte para lá para ver a parada 😉

    • Rafael Leick
      2016-12-20 01:56

      Foi lindo mesmo, bi! E eles vão mesmo pra rua. Por tudo. Até demais rs É cultural isso. A economia realmente tá brava e, mesmo para os turistas, está tudo muito caro. Se voltar lá pra ver a Parada, volta aqui pra me contar como foi! 😉
      Essa semana sai o vídeo da Parada, fica de olho.

  • Sheyla
    2017-06-20 13:46

    Parabéns pelo site. E conteúdo.

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