Marcha LGBT Bogotá reune 60 mil em evento politizado
Acabei de voltar de mais uma viagem sensacional, onde subi para 25 o número de países que conheci, adicionando Curaçao e Colômbia à lista. Mas, para não perder o timing do evento, antes de registrar aqui todas as memórias do paraíso do Caribe, quero contar pra vocês como foi a Marcha Del Orgullo LGBT de Bogotá, a Parada LGBT da capital colombiana, que pra facilitar, vou chamar nesse texto de Marcha LGBT Bogotá, ok? 🙂
O evento aconteceu no último domingo, dia 1º de julho, reunindo cerca de 60 mil pessoas. Vale ressaltar que a Marcha LGBT Bogotá, assim como a Marcha Del Orgullo LGBT de Buenos Aires e vários eventos “Pride” pelo mundo, não se comparam à Parada LGBT de SP. E todo mundo sempre procura me lembrar disso quando vai me contar sobre a Parada do seu país.
“Claro, a daqui não se compara com a de São Paulo, mas é legal também”. E eu sempre tento dizer que está tudo bem e que não é melhor nem pior, é só diferente. Bem diferente. A nossa aqui é a maior do mundo, com 3 milhões de pessoas e um clima bastante festeiro.
Essa é inclusive uma das características da Marcha LGBT Bogotá. É destaque o quão politizada ela é. E não estou falando de vários políticos que dão a cara a cada 4 anos para tentar angariar mais votos, como vemos por aqui aí. Falo do público mesmo, que gritava canções e palavras de ordem e que trazia seus cartazes ou camisetas engajadas.
Mas isso não tira o clima de festa também. Dá uma olhada no vídeo que fiz da Marcha LGBT Bogotá antes de continuar.
Os trios elétricos, chamados em espanhol de “carrozas”, ficaram para o fim. Foram somente 4: o da sauna Complices, o do bar El Mozo e outros dois que fechavam a caminhada. Muita gente acompanhou os carros, mas a maior parte das pessoas já tinha passado pela avenida.
Desde a concentração, no Parque Nacional, vários grupos se reuniram em blocos diferentes marchando pelas ruas, o que realmente faz jus ao nome Marcha LGBT Bogotá.
Blocos de transgêneros, dos ursos, das mulheres e do fetiche, entre outros, marcaram presença. A Câmara de Comércio LGBT da Colômbia reuniu cerca de 20 empresas pela primeira vez participando do evento. Entre elas, Google, Accenture, Schneider Eletric e GE. O Procolombia, órgão de turismo da Colômbia também marcou presença com gente linda com a cara coberta com uma pintura linda também.
Fiquei também impressionado com a quantidade de gente levando cachorro pra avenida. Muitos, de todas as raças e tamanhos. Eu ficaria com medo de levar o Lupin, porque é muita gente, um mais louco pode perder a noção e pisotear, sei lá. Mas o pessoal tava muito de boa e os cachorríneos também. E muitas famílias e muitos héteros.
O policiamento também estava intenso, mas mais no sentido de orientação da galera e prevenção do que pra conter situações de risco. Eles estavam bem tranquilos e o evento correu numa boa. Achei inclusive um clima bem pacífico, bem tranquilo.
Logo no fim da primeira avenida do percurso, um pequeno palco na calçada, o principal, tinha música alta e uma câmera do beijo (kiss cam) mostrava os flagras da festa. Queria ter aparecido lá várias vezes, mas não apareci nenhuma porque estava bem menininha trabalhando aqui pra vocês. 😛
A Marcha LGBT Bogotá também é diferente do que estamos acostumados. Quando começa, vem muita gente marchando no chão mesmo. A maior parte dela é assim. E muitas não tem nem música.
Alguns grupos levam sua caixa de som em um carrinho e ali vão se divertindo. Outras tem batucada no estilo escola de samba. Outros grupos vêm com berimbau tipo capoeira.
A maioria das pessoas está produzida. Seja com fantasia, pintura na cara, camiseta com frases e/ou temáticas. Senti que lá são um pouco menos preguiçosos que a gente, que põe uma bandeira amarrada no pescoço e já acha que tá abafando (me incluo nessa porque foi exatamente o que eu fiz lá). 😛
E isso é legal pra caramba!
Fazendo uma comparação esdrúxula com festas à fantasia, aqui é aquela que o pessoal põe uma capa de vampiro ou fantasia de índio ou de policial, que é o mais fácil e lá eles têm aquelas fantasias mais criativas (às vezes nem tão elaboradas), mas que dá vergonha de você ter escolhido aquele traje de egípcio, sabe?
Outra coisa diferente é que depois de uma grande primeira leva de pessoas, abre um espaço vazio, onde não acontece nada. Passado um tempo, chega mais uma leva. Mas, nesse ponto, a polícia de trânsito desviou o caminho para uma segunda ruazinha em uma bifurcação. Ou seja, a primeira leva passou pro lado direito, a segunda pro lado esquerdo.
E lá vem mais um monte de viado, sapatão, travesti, trans, hétero, cachorro, família, música, bandeiras, cartazes, gritos de guerra, palavras de protesto e afins.
E eu lá tirando mais e mais fotos da Marcha LGBT Bogotá, observando tudo e encantado pelo evento diferente que estava vivenciando e da sorte que eu tenho com meu trabalho de experienciar situações tão diferentes do meu cotidiano e viver de perto, no meio do povo mesmo, tantas culturas.
Isso se deve muito a vocês que acompanham meu trabalho sempre, desde o começo do Viaja Bi!, me dão tanto apoio e fizeram que o blog se tornasse a referência que ele é hoje em turismo LGBT. Muita gratidão a vocês por isso! ❤️
Bom, passada essa segunda leva de gente, começaram a vir os carros de som. Eles são menores e mais baixos do que os que temos no Brasil, que são mais parecidos com trios elétricos de Carnaval. Lá são caminhões mesmo, com carroceria mais baixa. Acho mais interessante.
Mas imagino a Anitta ou Pabllo Vittar lá em cima e as gay tudo se estapeando pra chegar perto e escalando o carro. 😛 Tô brincando, tá? 🙂
Na hora da chegada dos carros, o tráfego das ruas foi novamente direcionado pro outro lado da bifurcação. Achei esquisito isso e meio confuso, mas lá fui eu seguir o carro.
E, depois de registrar um pouquinho, fui curtir e dançar um pouco. Isso significou andar ao lado do trio, cantando as músicas que eu conhecia e remexer um pouquinho as cadeiras.
Mais perto do final, a chuva que estava ameaçando começou a cair. Bogotá é que nem SP, o clima muda várias vezes durante o dia. Aliás, quando você for pra lá, vale a pena ficar pelo menos uns 3 ou 4 dias, porque a cidade fica a 2.600m de altitude em relação ao nível do mar, então você pode se sentir um pouco mal, dependendo do organismo.
Essa altitude eu normalmente não sinto, mas como tinha vindo de Curaçao, nível do mar, aí pegou um pouquinho. Mas no 2º ou 3º dia, você está aclimatado.
Com a garoa começando a cair, aproveitei uma paradinha que os trios deram, e acelerei o passo, pra ver se chegava na Praça Bolívar, onde fica o Congresso Nacional da Colômbia e na frente do qual a Marcha LGBT Bogotá iria acabar, para seguir com shows até às 20h da noite (isso era por volta de 17h30).
Mas a chuva começou a apertar e o povo ou tinha ficado com os trios ou já tava muito na frente com a segunda leva de pessoas, já na Praça, provavelmente.
Então, me abriguei na porta de um prédio que tinha uma certa cobertura e deixei a chuva baixar. O trânsito estava complicado na cidade, mas ia tentar chamar o Uber.
Mas um casal de colombianos abrigados no mesmo lugar que eu, me alertou pra eu virar de costas pra rua pra mexer no celular, pra não ter perigo, já que essa parte da cidade, mais central, é um pouco mais perigosa. Em Bogotá, parece que quanto mais ao norte, mais ricos os bairros e mais seguros e mais ao sul, mais perigoso pode ficar. Não pensei duas vezes, me virei e pedi o carro.
Por conta disso, acabei não conferindo o final da festa, na Praça Bolívar, com palco, shows etc. Mas esse vídeo (que eu apareço, consegue me achar?), mostra um pouco de tudo que rolou.
O Uber lá ainda não é legalizado como aqui, então motoristas pedem pra você sentar na frente, para que taxistas não saibam que é Uber, por exemplo. Isso acontece também em Buenos Aires.
Mas achei legal que o trajeto do carro no aplicativo também estava com as cores do arco-íris, assim como estava aqui no Brasil, em apoio à Marcha LGBT Bogotá. Razô! 😉
Eu peguei a corrida com o Bryan Camilo, um motorista colombiano mega gente fina ou, como eles costumam chamar, “muy chevere”. E falamos sobre tudo, de séries do Netflix até sobre pontos turísticos de Bogotá. Depois vou contar aqui sobre o passeio à Catedral de Sal, que fica em Zipaquirá, uma cidadezinha perto da capital e muita gente usa Uber pra ir (eu usei).
E ele quer conhecer, então ele pode levar, esperar (ou fazer a visita junto) e voltar. O telefone dele é (+57) 350 5723607. Só ressalto que ele é hétero, tá? Não vá dar em cima dele. 🙂 Mas é um hétero muito gente boa. E, por favor, só chame com essa finalidade, pra não causar com o moço. 😉
Bom, essa foi minha experiência com a Marcha LGBT de Bogotá. Espero que tenham curtido e se forem a Bogotá, deixem seu comentário contando como foi sua experiência, ok? Aproveite para acompanhar o Viaja Bi! em todas as redes sociais (links abaixo) e ficar de olho porque trarei mais conteúdo da Colômbia e, principalmente, de Curaçao em muito breve. 😉
Fotos da Marcha LGBT Bogotá
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