Ron Mueck invade a Pinacoteca com ultrarealismo
Que paulistano gosta de fila não é novidade, mas as filas quilométricas hoje se formam também para exposições. Menos mal. Nesse domingo de garoa pulei da cama tarde e resolvi conferir a exposição Ron Mueck, que foi inaugurada com muito furor no último dia 20, na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Não sou um cara dado a museus normalmente, mas essa exposição teve, pra mim dois atrativos: foi na Pinacoteca, que acho um edifício incrível e vale a visita por si só e essa não é uma exposição tradicional de pinturas, o que eu acho entediante. Desculpem-me os cults mas eu acho mesmo um saco.
Museu pra mim tem que ter algo de diferente. Por isso não gostei muito do Louvre, em Paris, que valeu pela fama e pela arquitetura externa, e amei os museus de Londres, que tem entrada gratuita e, em sua maioria, são temáticos.
São Paulo abriga vários tipos de museu, tem pra todos os gostos e a Pinacoteca ainda é meu preferido. Nos dois primeiros episódios da websérie Sofá do Rafa, que entrevista gente de fora da cidade que fica hospedada aqui por meio do Couchsurfing, tanto o alemão Christoph quanto o mineiro Guilherme também citaram o museu como destaque.
O problema, como abri o post falando, foi a fila. Imaginei que num domingo meio chuvoso que encerra um feriado que algumas pessoas emendaram, estaria vazio. A previsão não era nada animadora: 2h30 de fila. E ela se cumpriu, prepare-se. A linha interminável de gente começava no finalzinho da lateral do Parque da Luz, seguia pela lateral da Pinacoteca, ainda na rua, dobrava a esquina, passava pelos portões (até aí tinham sido 2h já) e lá dentro seguia por toda a outra lateral do museu.
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Depois de tanto sofrimento, pareceu até justo o pagamento de R$ 6 pelo ingresso para a exposição. Vamos, finalmente, a ela.
A primeira sala a ser visitada é a que tem o autorretrato de Mueck, chamado de Máscara II. A versão escultural das selfies da atualidade é oca por dentro.
“Eu não poderia fazer uma cabeça decapitada ou um meio corpo. Eu tenho que acreditar no objeto como uma coisa completa. Uma máscara já é completa”, explica o artista australiano.
O nível de realismo impressiona. O nível de falta de interesse das pessoas em museus hoje, também. A pessoa entra na sala, bate uma foto, olha a obra pela tela do celular e vai pra próxima. E não sabem o quanto estão perdendo. As obras são riquíssimas em detalhes e a verossimilhança de unhas e rugas, por exemplo, é de arrepiar.
As obras só não se confundem com gente de verdade pela sua escala. Elas são sempre pequenas, como À Deriva, Jovem Casal, Mulher com as Compras, Mulher com Galhos, Juventude e Homem em um Barco, ou agigantadas como o autorretrato Máscara II, o frango gigante da obra Natureza Morta ou ainda o trabalho mais interessante da exposição, Casal debaixo do guarda-sol, que tem dois velhinhos na praia num momento carinhoso.
Essa última obra fica na parte externa da exposição, então todo mundo que entra na Pinacoteca pode conferir e é o destaque de um vídeo de 52 minutos que é exibido dentro e fora da exposição e que vale muito a pena ver. O vídeo mostra o processo de trabalho de Ron Mueck e suas assistentes pra dar “vida” a essas obras, principalmente esse simpático casal idoso.
Dicas para aproveitar melhor a exposição
– A exposição é curta, então aproveite para dispender um tempinho apreciando cada detalhe, cada veia, pêlo, cabelo, ruga e mancha de pele das obras.
– Tire fotos e compartilhe com a hashtag #RonMueckNaPina e, claro, #ExploraSampa, mas não deixe as selfies atrapalharem sua experiência, se você quer só ver as fotos, já tem aqui, nem perca seu tempo com a fila 😉
– Separe essa quase 1h pra ver o vídeo com o processo de montagem, vale a pena.
– Se tiver disponibilidade, vá durante a semana, com certeza, vai encontrar menos filas
– Se não puder, leve um lanchinho, água, guarda-chuva e óculos de sol, nunca se sabe, você está em Sampa
– Vá cedo e aproveite o resto do dia pra curtir a própria Pinacoteca do Estado, o Parque da Luz, a Estação da Luz e o Museu da Língua Portuguesa, tudo ali do lado.
Vale a pena?
Vale, mas vá com peito aberto e um tantinho de paciência. A exposição em si é curta, mas é impressionante de ver o realismo das obras, então na opinião do ExploraSampa vale sim.
Se você for, volte pra contar! 😉
Vai lá, #ExploraSampa
Ron Mueck
20 de novembro de 2014 a 22 de fevereiro de 2015
3ª a domingo, 10h às 18h (entrada até 17h30)
5ª, 10h às 20h (entrada gratuita a partir das 17h)
Censura Livre
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Praça da Luz, 2 – Estação Luz do Metrô
Telefone: (11) 3324-1000
pinacoteca.org.br
[Post originalmente publicado em 24/11/2014 no ExploraSampa e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 09/06/2019]
4 Comentários
Eloah Cristina
Quero muito ir ver. Vou tentar separar um espaçinho na agenda.
Rafael Leick
Faça isso, Eloah! Vale muito a pena.
Mas vá durante a semana, se puder e siga as dicas. Assim, você aproveita o melhor da exposição. 😉
bjs
Daniel Lazzaro
Concordo plenamente com relação ao pouco apreço das pessoas com o que estão vendo. Tiram a foto e vão embora… uma lástima! Ninguém está dizendo que tirar foto é ruim, até eu tiro e muitas, mas “sentir” o que está vendo é essencial!
Rafael Leick
É bem isso mesmo, Daniel.
Infelizmente, acaba sendo superficial o contato dessas pessoas com o que está sendo visto. Tirar foto é uma delícia, mas só se ela representar algo que é de verdade. Senão é só pra postar pros outros verem, não representa nada pra você.
Valeu pelo comentário. Espero que esteja gostando do site e continue acompanhando 😉