24 de novembro de 2014

Ron Mueck invade a Pinacoteca com ultrarealismo

Que paulistano gosta de fila não é novidade, mas as filas quilométricas hoje se formam também para exposições. Menos mal. Nesse domingo de garoa pulei da cama tarde e resolvi conferir a exposição Ron Mueck, que foi inaugurada com muito furor no último dia 20, na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Ron Mueck: Casal debaixo do guarda-sol

Ron Mueck: Casal debaixo do guarda-sol

Não sou um cara dado a museus normalmente, mas essa exposição teve, pra mim dois atrativos: foi na Pinacoteca, que acho um edifício incrível e vale a visita por si só e essa não é uma exposição tradicional de pinturas, o que eu acho entediante. Desculpem-me os cults mas eu acho mesmo um saco.

Museu pra mim tem que ter algo de diferente. Por isso não gostei muito do Louvre, em Paris, que valeu pela fama e pela arquitetura externa, e amei os museus de Londres, que tem entrada gratuita e, em sua maioria, são temáticos.

Fachada da Pinacoteca do Estado de São Paulo

Fachada da Pinacoteca do Estado de São Paulo

São Paulo abriga vários tipos de museu, tem pra todos os gostos e a Pinacoteca ainda é meu preferido. Nos dois primeiros episódios da websérie Sofá do Rafa, que entrevista gente de fora da cidade que fica hospedada aqui por meio do Couchsurfing, tanto o alemão Christoph quanto o mineiro Guilherme também citaram o museu como destaque.

O problema, como abri o post falando, foi a fila. Imaginei que num domingo meio chuvoso que encerra um feriado que algumas pessoas emendaram, estaria vazio. A previsão não era nada animadora: 2h30 de fila. E ela se cumpriu, prepare-se. A linha interminável de gente começava no finalzinho da lateral do Parque da Luz, seguia pela lateral da Pinacoteca, ainda na rua, dobrava a esquina, passava pelos portões (até aí tinham sido 2h já) e lá dentro seguia por toda a outra lateral do museu.

 

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Depois de tanto sofrimento, pareceu até justo o pagamento de R$ 6 pelo ingresso para a exposição. Vamos, finalmente, a ela.

A primeira sala a ser visitada é a que tem o autorretrato de Mueck, chamado de Máscara II. A versão escultural das selfies da atualidade é oca por dentro.

“Eu não poderia fazer uma cabeça decapitada ou um meio corpo. Eu tenho que acreditar no objeto como uma coisa completa. Uma máscara já é completa”, explica o artista australiano.

O nível de realismo impressiona. O nível de falta de interesse das pessoas em museus hoje, também. A pessoa entra na sala, bate uma foto, olha a obra pela tela do celular e vai pra próxima. E não sabem o quanto estão perdendo. As obras são riquíssimas em detalhes e a verossimilhança de unhas e rugas, por exemplo, é de arrepiar.

Ron Mueck: A obra Máscaras II

Ron Mueck: A obra Máscaras II

Ron Mueck: Público observa a obra Mulher com Galhos

Ron Mueck: Público observa a obra Mulher com Galhos

Ron Mueck: Público fotografando o Homem em um Barco

Ron Mueck: Público fotografando o Homem em um Barco

As obras só não se confundem com gente de verdade pela sua escala. Elas são sempre pequenas, como À DerivaJovem CasalMulher com as Compras, Mulher com Galhos, Juventude e Homem em um Barco, ou agigantadas como o autorretrato Máscara II, o frango gigante da obra Natureza Morta ou ainda o trabalho mais interessante da exposição, Casal debaixo do guarda-sol, que tem dois velhinhos na praia num momento carinhoso.

Ron Mueck: À Deriva e Jovem Casal

Ron Mueck: À Deriva e Jovem Casal

Ron Mueck: Mulher com as Compras e Natureza Morta

Ron Mueck: Mulher com as Compras e Natureza Morta

Ron Mueck: Juventude, Mulher com Galhos e Homem em um Barco

Ron Mueck: Juventude, Mulher com Galhos e Homem em um Barco

Essa última obra fica na parte externa da exposição, então todo mundo que entra na Pinacoteca pode conferir e é o destaque de um vídeo de 52 minutos que é exibido dentro e fora da exposição e que vale muito a pena ver. O vídeo mostra o processo de trabalho de Ron Mueck e suas assistentes pra dar “vida” a essas obras, principalmente esse simpático casal idoso.

Ron Mueck: Casal debaixo do guarda-sol

Ron Mueck: Casal debaixo do guarda-sol

Dicas para aproveitar melhor a exposição

– A exposição é curta, então aproveite para dispender um tempinho apreciando cada detalhe, cada veia, pêlo, cabelo, ruga e mancha de pele das obras.
– Tire fotos e compartilhe com a hashtag #RonMueckNaPina e, claro, #ExploraSampa, mas não deixe as selfies atrapalharem sua experiência, se você quer só ver as fotos, já tem aqui, nem perca seu tempo com a fila 😉
– Separe essa quase 1h pra ver o vídeo com o processo de montagem, vale a pena.
– Se tiver disponibilidade, vá durante a semana, com certeza, vai encontrar menos filas
– Se não puder, leve um lanchinho, água, guarda-chuva e óculos de sol, nunca se sabe, você está em Sampa
– Vá cedo e aproveite o resto do dia pra curtir a própria Pinacoteca do Estado, o Parque da Luz, a Estação da Luz e o Museu da Língua Portuguesa, tudo ali do lado.

Fila em frente à Pinacoteca para ver Ron Mueck

Fila em frente à Pinacoteca para ver Ron Mueck

 

Vale a pena?
Vale, mas vá com peito aberto e um tantinho de paciência. A exposição em si é curta, mas é impressionante de ver o realismo das obras, então na opinião do ExploraSampa vale sim.

Se você for, volte pra contar! 😉
Vai lá, #ExploraSampa

 

Ron Mueck
20 de novembro de 2014 a 22 de fevereiro de 2015
3ª a domingo, 10h às 18h (entrada até 17h30)
5ª, 10h às 20h (entrada gratuita a partir das 17h)
Censura Livre

Pinacoteca do Estado de São Paulo
Praça da Luz, 2 – Estação Luz do Metrô
Telefone: (11) 3324-1000
pinacoteca.org.br

 

[Post originalmente publicado em 24/11/2014 no ExploraSampa e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 09/06/2019]

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Sobre Rafael Leick

Rafael Leick

Criador dos projetos Viaja Bi!, Viagem Primata e ExploraSampa, host do podcast Casa na Árvore e colunista do UOL. Foi Diretor de Turismo da Câmara LGBT do Brasil. Escreve sobre viagem e turismo desde 2009. Comunicólogo, publicitário, criador de conteúdo e palestrante internacional, morou em Londres e São Paulo e já conheceu 30 países. É pai do Lupin, um golden dog. Todos os posts do Rafael.

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4 Comentários

  • Eloah Cristina
    2014-11-26 08:56

    Quero muito ir ver. Vou tentar separar um espaçinho na agenda.

    • Rafael Leick
      2014-11-26 22:32

      Faça isso, Eloah! Vale muito a pena.
      Mas vá durante a semana, se puder e siga as dicas. Assim, você aproveita o melhor da exposição. 😉
      bjs

  • Daniel Lazzaro
    2014-12-06 00:09

    Concordo plenamente com relação ao pouco apreço das pessoas com o que estão vendo. Tiram a foto e vão embora… uma lástima! Ninguém está dizendo que tirar foto é ruim, até eu tiro e muitas, mas “sentir” o que está vendo é essencial!

    • Rafael Leick
      2014-12-06 01:49

      É bem isso mesmo, Daniel.
      Infelizmente, acaba sendo superficial o contato dessas pessoas com o que está sendo visto. Tirar foto é uma delícia, mas só se ela representar algo que é de verdade. Senão é só pra postar pros outros verem, não representa nada pra você.
      Valeu pelo comentário. Espero que esteja gostando do site e continue acompanhando 😉

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