Ontem eu não consegui postar porque estava curtindo meu Mochilão no Peru nas ilhas flutuantes de Uros e a ilha Amantani, no meio do Lago Titicaca, que fica na fronteira do Peru com a Bolívia. Mas escrevi o relato ontem mesmo e posto agora pra vocês, com conexão! 🙂

 

MOCHILÃO NO PERU – DIA 18 – 2/3 – QUARTA

Ilhas flutuantes de Uros e noite no Lago Titicaca

O Vince chegou ao Cozy Hostel bem tarde ontem, mas deu tudo certo pra fazermos o tour hoje. Como contei no último post, decidimos fazer por conta em vez de por agência, o que valeu a pena.

Acordamos às 6h, arrumei meu mochilão com o que ia deixar no hostel em Puno e a mochila com o que ia trazer pro tour pelas ilhas flutuantes de Uros, Amantani e Taquilo, no Lago Titicaca. Tomamos café no hostel, que é bem bom, e deixei minhas roupas sujas pra lavar. Vou pegar de volta só amanhã. Meu mochilão também ficou lá, no luggage room.

Eu, o Vince e a Güro fomos caminhando até o porto, por 15min. Chegando perto já fomos abordados por um cara oferecendo o tour. Falamos que queríamos os dois dias e na negociação conseguimos chegar em S./ 85 cada (na agência era S./110) e mais S./ 5 de gorjeta pra esse cara que abordou a gente. Ele pediu, não demos de livre e espontânea vontade. Mas ok, era isso dividido por 3. Super de boa.

Subimos no barco com mais 6 passageiros e depois de uma jornada de 25 min, chegamos às Ilhas flutuantes de Uros. Esse povo vem de origem pré-Inca e fugiu da invasão Inca pelas águas do Lago Titicaca e por isso acabaram criando uma técnica para fazer as ilhas flutuantes de Uros, que são artificiais, mas feito de modo natural.

Foi uma experiência e tanto. Além de entender como é a vida nessas quase 90 ilhas flutuantes de Uros, fomos convidados pra entrar dentro das casas dos locais. E o modo como eles vivem é bem interessante. Cada um tem uma “cozinha” dentro de casa e há também uma cozinha comunitária.

Eles vivem do turismo e do artesanato. As tapeçarias que eles vendem demonstram um pouco da vida deles. O desenho da cobra, da puma e do condor representam, respectivamente, a espinha, o coração e a cabeça, os três principais pontos vitais do homem, na visão dos Uros.

As ilhas são feitas com uma planta aquática, com blocos de 2 a 3m de altura. As plantas já mais “apodrecidas” fazem a fundação. As outras mais de cima são colocadas pra secar e vão sendo colocadas camadas pra formar a ilha flutuante. A cada semana eles devem colocar uma nova camada. Enquanto isso, a água corrente vai causando a erosão na parte de baixo, deixando a altura sempre igual.

Andar nessas ilhas é engraçado e parece que você vai afundar, mas é bem tranquilo. Comprei um colar de artesanato mais pra ajudar do que porque eu realmente gostei. Gostei de uma tapeçaria mas achei S./ 100 bem salgado.

Paramos numa segunda ilha, pública, onde você podia carimbar seu passaporte com o carimbo do Lago Titicaca, pagando S./ 1. Lá também podia comprar snacks. Mas o turismo lá é bem explorado. Uma barra de KitKat ou Snickers saía por S./ 6. 😮

De lá, seguimos numa viagem pelo Lago Titicaca por 3h até chegar à Ilha de Amantani. Lá fomos recepcionados pelas famílias locais, que vivem do turismo vivencial, artesanato e agricultura. A família com quem eu, o Vince e a Güro ficamos eram, por acaso, a autoridade da comunidade em 2016. Ficamos tipo na casa do “prefeito”. Eles elegem as autoridades todo ano, por eleição.

O vestido da Fani, a matriarca, era preto, diferente dos coloridos das outras mulheres. O patriarca, só vimos à noite pois ele era a autoridade no porto e precisava fazer uma ronda pela segurança da ilha.

Na ilha tem poucos policiais mas eles focam basicamente em lidar com guias que chegam sem querer pagar nada pras famílias. E o patriarca é o segundo em comando na segurança. Mas lá não tem criminalidade ou violência. É uma ilha super tranquila e nem as terrazas de agricultura são documentadas. Eles simplesmente sabem que aquele pedaço de terra pertence àquela família e ponto.

Chegamos, almoçamos uma comida deliciosa preparada pela Fani e pela Milagros, a filha mais nova dela, de 14 anos. Os outros dois filhos, de 18 e 20 anos, se mudaram pra Puno e voltam sempre no Natal (por 2 meses) pra visitar a família.

O patriarca quando tinha 15 anos se mudou pra Lima mas não conseguiu sustentar o sistema econômico de lá e voltou pra Amantani. Pediu desculpas pra gente porque ele só recebe gente há 2 anos enquanto outras famílias há muito mais tempo, então ele ainda estava finalizando algumas coisas. Mas falamos pra ele que estava ótimo e realmente poucos minutos antes estávamos comentando que devíamos estar na melhor casa da ilha.

Depois do almoço sumak (“delicioso”, em quechua), descansamos um pouco e nos encontramos na Plaza de Armas pra poder fazer um trekking até os templos Pachatata (Pai Terra) e Pachamama (Mãe Terra). Na Plaza de Armas, além da igreja e prefeitura, tem também a escola da comunidade e a estátua de um guerreiro pré-Inca.

Há 4.000m de altitude não é fácil subir colinas, mas conseguimos e acabamos visitando os dois templos, tirando pencas de fotos do lugar que é impressionante e um dos destinos de turismo místico do mundo.

Em janeiro, há uma festa onde eles sobem pra essa colina dançando até chegar aos templos, fazendo um pago a la tierra, oferecendo à Mãe Terra e ao Pai Terra parte do que veio da agricultura e pedindo com muita fé por um ano bom. Só não sei como eles conseguem subir dançando. Eu me arrastando já cheguei lá em cima morto e sem ar!

Tiramos um monte de fotos e fizemos os nossos pedidos empilhando 3 pedras. Na volta comprei um chocolate gostoso local por S./2 porque o KitKat saía por S./ 7. 😮 😮

Tentamos ver o pôr do sol lá do templo Pachamama, mas as nuvens encobriram, formando um cenário místico e dramático. Ao voltar, já no escuro, ficamos sem graça porque a Milagros estava lá esperando a gente na Plaza de Armas pra levar a gente pra casa. E fomos os últimos a descer. 🙁

Chegando na casa, jantamos mais uma comida muito muito sumak e começamos a jogar cartas. Primeiro um jogo alemão que o Vince ensinou pra gente e depois o shit head de novo, o mesmo que jogamos no Colca Canyon.

No meio do jogo, a Fani chegou com algumas roupas tradicionais pra nós vestimos para a festa com dança para os estrangeiros que estavam na ilha. Hoje em dia, cerca de 60 pessoas visitam a ilha por dia.

A Güro colocou o vestido tradicional e ficou super contente. Eu e o Vince colocamos um poncho e um gorro pontudo que fez a gente se sentir bem ridículo. 😛 Mas tava divertido. Os nossos “pais” deram tchau pra gente e a Milagros levou a gente pra festa.

Tinha banda típica que tocou músicas latinas e até Beatles em ritmo tradicional. Quando o pessoal começou a dançar, começou a fica bem divertido. A dança básica é todo mundo dar as mãos em roda e girar, dançando.

Mas aí tava o salão todo fazendo isso. E foi muito legal. Depois começaram um trenzinho gigante. Rimos muito. É uma experiência pra não esquecer nunca. Os músicos no final passam pedindo uma gorjeta mas estávamos sem carteira então não demos nada. Lá também vendia água e cerveja pra quem quisesse.

Depois de muitas músicas, fomos pra casa e capotamos, com muito sono. A Güro ficou num quarto e eu e o Vince em outro.

Amanhã tem mais ilha Amantani e também a Ilha Taquile, também no Lago Titicaca.

 

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 Veja tudo sobre meu mochilão no Peru 

 

[Post originalmente publicado em 03/03/2016 no Viagem Primata e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 25/11/2018]

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