30 de junho de 2016

Projeto ALMA, observação do espaço no Atacama

No meio do Deserto do Atacama, lá em cima da Cordilheira dos Andes, fica o Projeto ALMA, uma iniciativa internacional que envolve o Chile, Estados Unidos, Japão e a Europa como um todo. São 62 antenas gigantes 📡 pra observar o ceu mais limpo do mundo.

Antenas do Projeto ALMA - Foto: Juan Maureira

Antenas do Projeto ALMA – Foto: Juan Maureira

Lembrem-se que o Atacama é o lugar mais árido do mundo, ou seja, sem tanta umidade, não tem tanta nuvem, o que o torna um dos melhores pontos de observação espacial do planeta.

Essas antenas ficam a 5000m de altitude. E na minha última visita ao deserto eu fui conhecer o projeto, tanto na parte em que o público pode visitar (a cerca de 3.000m), quanto na parte que não é aberta ao público, no topo da montanha, na área das antenas! A Ayllu Expediciones me apoiou nessa visita, me ajudando com o traslado desde San Pedro de Atacama até o ALMA e subiram comigo até os 5.000m! 🙂

Conjunto de antenas do Projeto ALMA

Conjunto de antenas do Projeto ALMA

 

O que é o Projeto ALMA?

ALMA na verdade é uma sigla: Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, algo como Grande Matriz de Milímetro/Submilímetro do Atacama. Entendeu? Ok, eu também não, vou explicar de um jeito mais meu.

É um projeto de observação espacial 🔭 que junta pesquisadores do mundo todo e que tem base no Deserto do Atacama, pertinho de San Pedro de Atacama. Mesmo quando estava com somente um terço do projeto completo, já era o observatório desse tipo mais poderoso no mundo! Em 2030, os planos são para o projeto estar finalizado, com suas 66 antenas colocadas.

Thaís explicando pra gente o funcionamento do projeto - Foto: Juan Maureira

Thaís explicando pra gente o funcionamento do projeto – Foto: Juan Maureira

As antenas, que ficam no platô mais alto, a 5.000m captam os sinais, imagens etc. que são recebidos na base (tipo um centro de controle) montada a cerca de 3.000m e são de lá enviadas para Santiago, onde os dados são analisados.

Eles trabalham por “operações”. Quando visitei o projeto, em dezembro do ano passado, eles estavam numa operação para estudo do Sol. E um japonês que fez a visita com a gente, trabalha nessa operação lá no Japão, mas veio pra América do Sul conhecer o Projeto ALMA chileno. Ele era muito engraçado, aliás, quando a nossa guia Thaís ia explicando ele ficava murmurando em tom de surpresa: “ooohhhh, oooohhhh, ooohhhh”, mas era muito gente fina. 😛

[+] Veja mais vídeos no YouTube

As antenas podem trabalhar de algumas maneiras diferentes, dependendo do que se quer observar. Elas são móveis e podem ser dispostas em várias formações, mais juntas ou mais espaçadas pra captar sinais do nosso espaço sideral com finalidades diferentes. Se estão mais juntas, captam um sinal mais amplo, como uma lente grande angular de câmera fotográfica. Mais separadas pegam informações mais detalhadas de um pedacinho do ceu.

Essa parte operacional a 3.000m tem, além do centro de controle, umas máquinas gigantes e antenas desmontadas ou em manutenção. Também é lá que, ao chegar, fiz um teste de pressão arterial pra ver se poderia subir aos 5.000m.

Centro de Controle do Projeto ALMA, aos 3.000m de altitude

Centro de Controle do Projeto ALMA, aos 3.000m de altitude

Tanto eu como o fotógrafo que estava com a gente, não passamos de primeira. É toda uma situação tensa, que te deixa nervoso e o coração dispara, mas na segunda vez deu tudo certo e pudemos subir.

Lá nos 5.000m, tem também uma base operacional com vários servidores que tem a capacidade de 3 milhões de laptops! E você se achando com seu MacBook, né? Toma essa! 😛 Foi lá que também pudemos fazer um lanchinho antes de partir pras antenas, onde vimos aqueles bichões enormes de perto (deu até uma emoção), fizemos pencas de fotos e inventamos, inclusive, de fazer fotos pulando. A 5.000m de altitude! 😮 Cadê fôlego depois? Não tínhamos, né? Fiquei (mais) tontão!

Pulando a 5.000m de altura, saímos tontos - Foto: Juan Maureira

Pulando a 5.000m de altura, saímos tontos – Foto: Juan Maureira

 

Como chegar ao Projeto ALMA

Chegar lá não é difícil! Primeiro, chegue até San Pedro de Atacama, que é a cidade-base pra explorar o deserto. Pra saber como chegar, leia o post guia sobre o Deserto do Atacama.

A partir da Ayllu, que fica na Calle Toconao, pela Ruta 23, dá uns 20 minutos até a entrada do Projeto ALMA, onde você vai ouvir os procedimentos de segurança e fazer o “check-in” com seus documentos então não esqueça de levar, tá?

No Projeto ALMA, temos uma garrafinha de oxigênio que é nossa melhor amiga

No Projeto ALMA, temos uma garrafinha de oxigênio que é nossa melhor amiga

Passando pela cancela, você sobe mais uns 20 minutos até a base de controle a 3.000m. Depois de fazer os testes e ser liberado para subir, você tem que entrarem um carro deles, os carros comuns nem funcionam normalmente em tão alta altitude. Vale lembrar que essa última parte é só pra quem é autorizado num pedido antecipado (fiz cerca de um mês antes e só consegui como imprensa com milhares de justificativas e apoio da Ayllu).

A partir de lá a subida é de cerca de 1h, acredite ou não! 😮

 

Como foi visitar as antenas do Projeto ALMA

Esse foi um passeio um tanto inesperado e exclusivo! Me senti em um filme de ficção científica, naqueles grupos que tem um cientista japonês (opa! tinha mesmo!) que vão conhecer uma descoberta científica incrível e que dá alguma zica com os ETs e daí o enredo se desenrola. Foi tudo assim. Até a parte da descoberta incrível! Mas eu mandei beijos pros ETs lá de pertinho! 👽

Esse foi também um bom aquecimento para subir o Vulcão Lascar, alguns dias depois, já que nele chegamos a quase 6.000m. E o legal é que comentamos com a Thais, nossa guia, que iríamos subir até a cratera do vulcão dali uns dias e ela se empolgou pra ir junto com a gente e ainda levou uma amiga. Foi massa! 🌋

Antena do Projeto ALMA

Antena do Projeto ALMA

Eu já tinha ido ao Atacama em 2014 e, na época, nem imaginava que esse era um lugar tão importante e especial no planeta. E, por sugestão do Mike, da Ayllu, topei conhecer o Projeto ALMA e foi uma experiência incrível! Não é um lugar turístico e, se você for ao Deserto do Atacama com pouco tempo, não é o passeio que mais indico fazer, mas valeu muito a pena, já que eu tinha tempo e já conhecia o deserto.

Para saber mais sobre o Projeto ALMA, visite o site oficial. Lá tem imagens e vídeos incríveis.

 

As vicunhas vivem normalmente acima dos 4000m de altitude

As vicunhas vivem normalmente acima dos 4.000m de altitude

Tem alguma outra dica sobre o Deserto do Atacama ou o Projeto ALMA? Deixe nos comentários pra ajudar outros viajantes!

 

Confira o guia completo do Deserto do Atacama.

Reserve seu hotel no Atacama

 

O Viaja Bi! fez esse passeio a convite da agência Ayllu Expediciones, que tinha ciência de que as opiniões aqui retratadas seriam reais e imparciais.

[Post originalmente publicado em 30/06/2016 no Viagem Primata e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 03/10/2018]

>> Acompanhe o Viaja Bi!: InstagramYouTubeFacebook e Twitter.

Hospedagem | Seguro Viagem | Câmbio | Aluguel de carro

Compartilhe:
Tags:

Sobre Rafael Leick

Rafael Leick

Criador dos projetos Viaja Bi!, Viagem Primata e ExploraSampa, host do podcast Casa na Árvore e colunista do UOL. Foi Diretor de Turismo da Câmara LGBT do Brasil. Escreve sobre viagem e turismo desde 2009. Comunicólogo, publicitário, criador de conteúdo e palestrante internacional, morou em Londres e São Paulo e já conheceu 30 países. É pai do Lupin, um golden dog. Todos os posts do Rafael.

  • Website
  • Pinterest
  • Instagram
  • LinkedIn
  • Email

10 Comentários

  • Fabia
    2016-09-22 21:13

    Eu quero visitar o ALMA!!! Que legal que vc foi! Adorei conhecer pelo seu post.

    • Rafael Leick
      2016-09-24 02:35

      Fabia, foi uma experiência bem diferente de viagem. Não esperava. 🙂

  • Cleber Silva
    2017-04-13 12:39

    já estive 4x no Atacama, mas não estive no observatório ALMA.. mas estou cheio de interesse . O Atacama é encantador vale apena se aventurar por lá, estive lá em mar/2017, é o coração palpita por esta la novamente.

    • Rafael Leick
      2017-04-17 01:15

      Sim, o Atacama é incrível! Se tiver oportunidade de visitar o ALMA, acredito que vá gostar! 😉
      Se quiser, use #viagemprimata nas suas fotos do Atacama (ou outras viagens) no Insta pra eu acompanhar e, quem sabe, repostar alguma. 😉
      Abs e valeu pelo comentário!

  • mase
    2017-08-29 07:55

    A minha pergunta é: Ao visitar o ALMA a gente tem acesso as imagens do universo ao vivo? Estive no Atacama p olhar estrelas mas incrivelmente choveu durante tres dias.Tive q voltar e n pude fazer o passeio noturno.Quero muito um observatório q me dê imagens da Via Láctea. O ALMA dá esse serviço?

    • Rafael Leick
      2017-08-30 20:15

      Oi, Mase, tudo bem? A visita ao ALMA tem o intuito de você conhecer como funciona o projeto e o local. As visitas são diurnas então nem teria como observar o céu. De qualquer forma, caso seja uma visita de pesquisa, aí vale tentar entrar em contato com eles pra ver se é possível. Caso a visita seja somente para ver as estrelas à noite de uma maneira mais amadora, como eu fiz, sugiro buscar a agência Space, que tem um passeio bem legal ou até mesmo a Ayllu, que também tem esse tour.

  • marinety
    2017-11-08 09:48

    depois de assistir interestelar, esse lugar parece um sonho!

    • Rafael Leick
      2018-10-03 05:36

      Eu acho que não assisti esse filme, mas o lugar é um sonho mesmo 🙂

  • Anderson
    2018-10-03 05:34

    Primeiramente, parabéns pelo site.
    Você disse em seu post:
    “E na minha última visita ao deserto eu fui conhecer o projeto, tanto na parte em que o público pode visitar (a cerca de 3.000m), quanto na parte que não é aberta ao público, no topo da montanha, na área das antenas!”
    A visitação ao ALMA como é então? Não se vai até as antenas? Como vc conseguiu ir? Tem como explicar melhor?
    Estou organizando uma viagem e como gosto do assunto astronomia iria colocar no roteiro. Entretanto, se não for para ver as antenas nem sei se seria interessante.
    Obrigado.

    • Rafael Leick
      2018-10-03 05:34

      Oi, Anderson. Tudo bem?
      Obrigado pelo comentário e pelo elogio.
      Então, essa parte dos 3.000m é onde existe de fato a visitação. Quando fui, tinha só uma antena nessa área, para fotos e tal. O outro pedaço, que fica a 5.000m é a área de pesquisa e, até onde sei, eles não fazem visitação lá. Eu fui como imprensa e também a convite de uma das agências de San Pedro de Atacama, a Ayllu. Quando fui, tive que preencher formulário no site deles, com várias informações pra só depois receber a autorização, então é um pouco restrito. Pelo que sei, não dá pra subir até o topo, mas vale uma tentativa. Converse com o Mike, da Ayllu, pode falar que eu pedi pra você falar com ele, ou com qualquer pessoa lá. Fala que você viu aqui no Viagem Primata o post e queria saber se consegue também subir na parte das antenas. Não custa tentar. E, se der certo, me avisa! De qualquer forma, como você gosta de astronomia, acho que vai curtir subir nessa primeira parte também, porque é onde funciona a operação mesmo.
      Abs

Comentar