7 de março de 2016

Vale Sagrado dos Incas e Ollantaytambo | Mochilão Peru #23

Mais um dia de acordar cedo no Mochilão no Peru pra um tour arqueológico. Hoje foi dia de conhecer o Vale Sagrado dos Incas. 🙂

Depois do Vale Sagrado dos Incas, conhecemos Ollantaytambo, perto de Cusco

Depois do Vale Sagrado dos Incas, conhecemos Ollantaytambo, perto de Cusco

 

MOCHILÃO NO PERU – DIA 23 – 7/3 – SEGUNDA

Vale Sagrado dos Incas e Ollantaytambo

Hoje levantei entre 6h30, 7h (levantar cedo tá virando tradição) pro passeio do dia. Consegui tomar café-da-manhã aqui no Hotel Los Portales. Um desayuno bem caprichado, viu? Tô falando que queria morar aqui… 😛

Tinha vários pães, iogurtes, sucos (inclusive uns especiais locais), ovo mexido, manteiga, queijo e mais um montão de coisa. Inclusive batata frita! 😮

Tomei um café-da-manhã delicioso no hotel Los Portales antes de ir pro Vale Sagrado

Tomei um café-da-manhã delicioso no hotel Los Portales antes de ir pro Vale Sagrado

Saí correndo do café e fui pra agência Viajes Pacífico, que me ofereceu hoje o tour para o Vale Sagrado dos Incas. O guia de hoje, Abelardo, era a simpatia em pessoa! Muito gente boa.

No caminho, ele explicou os significados e funções dos Touros de Pucará, que são colocados em dupla em cima das casas por aqui. São 3 significados:

  • Reciprocidade – os vizinhos se ajudam sempre, até pra montar uma casa. Tendo o material, em 1 ou 2 dias a casa tá pronta. No final, o dono da casa, coloca os dois touros em cima da casa pra marcar o momento. São dois justamente pra mostrar que se precisarem dele, ele também ajudará. E aí começa a festa! \o/
  • Fortaleza – a força dos touros, trazidos para o Peru pelos europeus, especificamente vindos da Espanha, ajudou o galerê na agricultura aqui, e hoje representa força pra casa, que se torna uma fortaleza, nada derruba. Vale lembrar que pucará, ou pukara, significa fortaleza. 🙂
  • Proteção – os chifres do touro não apontam pro lado nem pra frente. Eles estão direcionados pra cima protegendo a casa de forças negativas e bruxarias.

É interessante de ver como a cultura do Peru mescla muito a religião católica com as crenças e fés andinas, ainda muito fortes por aqui.

Huarizo, parente da lhama, a caminho do Vale Sagrado dos Incas, perto de Cusco, Peru

Huarizo, parente da lhama, a caminho do Vale Sagrado dos Incas, perto de Cusco, Peru

A primeira parada foi no Awana Kancha, onde pudemos ver os 4 tipos de camelídeos sul-americanos: a lhama e alpaca (domesticadas) e a vicunha e o guanaco (selvagens). Tem ali também uma réplica de dois condores, que chegam a ter 3,20m de envergadura das asas. Já contei isso aqui quando falei do Mirante do Condor, perto de Arequipa, lembra? E eu tirei uma selfie com o huarizo, cruza de lhama com alpaca.

Alimentei uma lhama a caminho do Vale Sagrado dos Incas, perto de Cusco, Peru

Alimentei uma lhama a caminho do Vale Sagrado dos Incas, perto de Cusco, Peru

No final, tem uma lojinha com preços exorbitantemente caros. Do tipo um suéter custar S./ 500! 😮 Eles usam a lã da baby alpaca, super phyna e tal, mas né? Tá doido! Também tem umas locais tecendo ali mesmo e é impressionante ver a rapidez e destreza delas com os tecidos. O guia também mostrou como a lã é tingida pra ganhar essa cor que não sai nunca mais.

E também pudemos ver algumas poucas das inúmeras variedades de batatas e milhos que eles tem aqui. É impressionante! 😮

Conhecemos vários tipos de milho a caminho do Vale Sagrado dos Incas, perto de Cusco, Peru

Conhecemos vários tipos de milho a caminho do Vale Sagrado dos Incas, perto de Cusco, Peru

Depois, paramos num mirante pra apreciar o Vale Sagrado dos Incas. E se você tá achando que ele é sagrado por ter pencas de templos, vai se decepcionar assim como os espanhóis que chegaram ali tentando derrubar o barraco. Ele é considerado sagrado porque é o único lugar do mundo com clima perfeito pro cultivo do milho branco gigante (maíz blanco gigante).

Mas a galerinha religiosa da Espanha não foi tão tranquila quanto você ao receber essa informação. Eles buscaram o sacerdote da região (reconhecido pela vestimenta) e torturaram o cara pra saber onde estavam os templos. Com muito sofrimento, o tiozinho conseguiu explicar que não haviam templos e aí como todo fanático religioso tem dificuldade de entender, ele ainda tentou desenhar, falando que era sagrado pelo milho cultivado ali.

Vale Sagrado dos Incas, perto de Cusco, Peru

Vale Sagrado dos Incas, perto de Cusco, Peru

Como era sagrado pros povo nativo e os fanáticos são os donos da bola, eles foram lá e proibiram o cultivo desse tipo de milho, pra acabar com qualquer adoração. Mas outros tipos de milho, batata e o linho, que trouxeram da Europa, esses sim eram permitidos. “/

Ao longo do Vale Sagrado, há algumas varetas longas fincadas no chão com um plástico vermelho na ponta. Isso significa que ali vendem chicha de jora, bebida alcoolica, diferente da chica morada, que é só um refresco. Como não tem registro sanitário e nem precisa de permissão pra produzir a chicha de jora, qualquer um pode fazer. E os que fazem, colocam essa vareta do lado de fora da casa.

Quando tem uma segunda cor junto, tipo azul, eles oferecem também o picante, que é de fato uma comida bem picante e salgada, pra que a pessoa beba ainda mais chicha de jora. Espertinhos! 😛

Paramos no povoado de Pisaq e a parada de quase 1h foi basicamente pra ver como são feitos os trabalhos com as pedras preciosas e o artesanato local, ou seja, gastar. Na loja onde uma moça explicou como é o trabalho com as pedras, fiquei impressionado e adorei um xamã guerreiro feito com prata e pedras preciosas. Perguntei o preço só por desencargo de consciência. Saía pela bagatela de S./ 2.000! 😮 Mas se alguém quiser me dar de presente, é esse guerreiro no meio da foto abaixo, tá? 🙂

A caminho do Vale Sagrado dos Incas, paramos na cidade de Pisaq

A caminho do Vale Sagrado dos Incas, paramos na cidade de Pisaq

Saí disparado da loja mesmo ela me oferecendo por S./ 1.500 e corri pra feirinha de artesanato que é mais meu lugar. Comprei um suéter lindão de alpaca (madura, não baby) por S./ 35. Ele tava por S./ 45, mas a pechincha é o poder no Peru, então manda bala!

Desse jeito também consegui baixar o preço de um gorro de S./ 12 pra S./ 5,20 que eram as moedas que eu tinha. Fiquei até com dó da moça, porque é um gorro reversível (2 faces) e dá um trabalhão da porra pra fazer, mas né? É o que eu tinha de moeda, não tô podendo! Ali também tem algumas lojinhas com trabalhos em madeira e pedra. Muito legal, mas cansei de ficar 1h ali pra fazer compras.

A caminho do Vale Sagrado dos Incas, paramos na cidade de Pisaq

A caminho do Vale Sagrado dos Incas, paramos na cidade de Pisaq

Dali fomos pra Ollantaytambo, já mais conhecido dos turistas porque é o ponto de partida do trem para Machu Picchu e também o início da Trilha Inca. Paramos ali pra visitar o sítio arqueológico de Ollantaytambo, que foi muito, muito legal. No caminho, o Abelardo explicou que o Vale Sagrado era cheio de diques que formavam várias lagunas sequenciais, por conta dum tipo de granito. A pedra depois sofreu erosão, caiu e formou o Vale Sagrado. ❤️

Ali eu comprei o boleto turístico de Cusco, que dá direito à entrada nesse e em outros sítios arqueológicos por 10 dias. Não vou conseguir fazer todos que eu queria, especialmente o Moray, campo agrícola bem interessante. 🙁 Mas tá valendo… Amanhã vou fazer alguns outros. O boleto sai por S./ 130. Se você quiser comprar o boleto parcial, que vale só pra dois dias e inclui só algumas das atrações, ele sai por S./ 70.

Ollantay é o nome de um carinha muito influente no Império Inca que se apaixonou pela princesa Inca. O pai dela falou algo do tipo “Cê tá doido, fio? Ela tá prometida prum outro tiozinho muito louco que eu preciso pra fazer aliança política, se enxerga!”. Depois dessa, ele ficou #chateado mas o amor dos dois era tão grande um pelo outro, que eles zarparam pra esse tambo, lugar de descanso do Ollantay. Daí Ollantaytambo!

Depois do Vale Sagrado dos Incas, conhecemos Ollantaytambo, perto de Cusco

Depois do Vale Sagrado dos Incas, conhecemos Ollantaytambo, perto de Cusco

Depois que o Inca morreu, o filho dele foi mais de boa e permitiu que eles ficassem juntos todos felizes. 🙂 Nesse lugar de descanso, que hoje é o sítio arqueológico de Ollantaytambo, tem umas pedras parecendo assentos, num lugar mais alto e é onde o Inca se sentava pra ver as apresentações em sua homenagem junto com sua outra esposa. Outra? Sim, ele tinha uma em cada lugar onde precisava ter governo. Vida boa, né?

Esse local que facilmente passava por uma fortaleza, tinha muitas funções: administrativa, cerimonial, militar, agrícola e religiosa. E a gente caminhou por cerca de 1h30 por entre as ruínas. Claro que se você for sozinho, num tour privado e com mais tempo, você pode explorar muito mais. Eu fiquei na vontade de ficar mais tempo por lá, mas não rolou. Muitas histórias interessantes, como os colcas, que eram depósitos de um sistema comunista que funcionou. 😮

Depois do Vale Sagrado dos Incas, conhecemos Ollantaytambo, perto de Cusco

Depois do Vale Sagrado dos Incas, conhecemos Ollantaytambo, perto de Cusco

Perto desses colcas, tem duas formações na rocha formando rostos. Um deles, natural, confundiu o pessoal achando que os espanhóis eram os salvadores que eles estavam esperando, porque a figura tinha barba, coisa que os espanhóis tinham e os incas não. Tadinhos… O outro rosto, mas pra cima, foi feito artificialmente, representando o Inca e seu poder.

De cima das ruínas, também dá pra ver o começo do cânion de Machu Picchu, por onde o trem que vai pra cidade perdida dos incas passa.

Saindo de lá, fomos para um restaurante comer, mas no caminho, passamos pelo hotel mais perigoso do mundo, o Skylodge Adventure Suites. São 3 cápsulas de fibra de vidro penduradas num paredão no meio do Vale Sagrado dos Incas, que rodaram pelo Facebook algum tempo atrás.

O hotel mais perigoso do mundo fica no Vale Sagrado dos Incas, em Cusco, Peru

O hotel mais perigoso do mundo fica no Vale Sagrado dos Incas, em Cusco, Peru

Eu pirei, queria muito ficar lá uma noite, então quem quiser me dar de presente, sai por apenas S./ 5.000 a noite. Faço aniversário em setembro, ok? 😉

Seguimos pro Restaurante Tunupa, à beira do Rio Urubamba, ainda dentro do Vale Sagrado. Era buffet e… meu… comi demais! Tava uma delícia. Parece que o restaurante é caro, mas ele já tava incluso no passeio com a Viajes Pacífico então comi ali tranquilão com uma vista de babar. O rio passando ali embaixo, um paredão de pedra à frente e um casarão lindo que na entrada tinha araras e papagaios. 😮

Comi uma penca de salada de entrada, mais um tanto de mistura de comida de prato principal e um tantinho de cada sobremesa disponível. Pobre quando vai em restaurante boca livre é assim mesmo. 🙂 No meu grupo tinham duas chilenas e três mexicanos, com uma senhorinha muito fofura que é professora e fã do Roberto Carlos. Papeamos muito e ela me contou também da comida mexicana, tão apimentada, e sobre o Chaves e Chapolin, claro! ❤️

Depois do Vale Sagrado dos Incas, almoçamos com essa vista

Depois do Vale Sagrado dos Incas, almoçamos com essa vista

Chegando de volta no Hotel Los Portales, descansei um pouco e saí pro Centro Qosqo de Arte Nativa, vizinho do hotel, onde às 19h começou um show de danças tradicionais, já incluso naquele boleto turístico que comprei mais cedo.

Foi interessante de ver, mas confesso que foi um pouco cansativo. Ou eu que já tava cansado mesmo. Uma funcionária entrava no palco a cada intervalo de apresentação pra explicar um pouco sobre cada dança, mas era difícil de entender o espanhol dela. O inglês então era sofrido, fiquei com pena dos gringos que não falam espanhol. Mas o show em si é interessante. Valeu a pena, porque tava incluso no boleto. Se tivesse que pagar, talvez eu ficasse decepcionado.

Depois de voltar do Vale Sagrado dos Incas, assisti espetáculo de dança tradicional em Cusco, Peru

Depois de voltar do Vale Sagrado dos Incas, assisti espetáculo de dança tradicional em Cusco, Peru

E é isso. Amanhã tem alguns sítios arqueológicos perto de Cusco e preparação pra Trilha Inca até Machu Picchu, que começa depois de amanhã e vai até o dia 12, quando chego à Maravilha do Mundo. 😮 Ficarei sem postar nos dias que estiver lá, mas depois boto tudo em dia, vou escrevendo no caderno mesmo.

No hotel, a gerente veio me perguntar como estava a estadia, se estava tudo certo e foi super simpática. Eu contei pra ela que queria morar aqui. 😛 Mas não é porque eu tô aqui a convite não, mas o Hotel Los Portales é incrível mesmo. Eles se preocupam com detalhes que fazem a diferença e tem uma localização ótima, pertinho da Plaza de Armas e também da agência Viajes Pacífico. Pra mim, foi uma mão na roda. 🙂

Té manhã, primatas!

 

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[Post originalmente publicado em 07/03/2016 no Viagem Primata e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 25/11/2018]

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Sobre Rafael Leick

Rafael Leick

Criador dos projetos Viaja Bi!, Viagem Primata e ExploraSampa, host do podcast Casa na Árvore e colunista do UOL. Foi Diretor de Turismo da Câmara LGBT do Brasil. Escreve sobre viagem e turismo desde 2009. Comunicólogo, publicitário, criador de conteúdo e palestrante internacional, morou em Londres e São Paulo e já conheceu 30 países. É pai do Lupin, um golden dog. Todos os posts do Rafael.

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2 Comentários

  • ANNA PAULA MARTINELLI
    2016-03-23 16:32

    Queria repetir aqui “camelídeos”. Aprendi isso com esse post.
    hahaha

    Ai as blusas e roupas dessas lãs são maravilhosas, macias e quentinhas… mas muito caras mesmo.
    Não rola comprar não!

    • Rafael Leick
      2016-03-23 17:23

      Hahahaha amei essa palavra também. Queria falar toda hora só pra mostrar que eu sabia rs
      Eu comprei sintético mesmo porque é o que cabia no meu bolso rs

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