Salve, salve, meu! Nesse sábado, São Paulo, minha querida Sampa completou 460 anos e esse niver não podia passar em branco. Não, o Facebook não me lembrou desse aniversário, mas não tinha como esquecer. Essa cidade de tantos encontros e desencontros, certezas e contradições, que eu amo e odeio. Para comemorar, fui pra o São Paulo walking tour, um passeio a pé organizado pelo pessoal do Alma Paulista, que estava representado pela Roberta Martins e pela Gardênia Rogatto.

Além delas, ainda participaram da caminhada o Erick Stengrat e a Kátia Nunes. Esse roteiro foi dividido mais ou menos em 3 blocos: Centro, área da Av. Paulista e Jardins. Bora lá!

 

São Paulo Walking Tour: roteiro pela capital paulista

 

⭐ CAFÉ GIRONDINO

Cafeteria, restaurante e bar localizado na esquina entre a Rua Boa Vista com a Rua São Bento, do ladinho da saída da Estação São Bento do metrô e que há 10 anos remonta um dos mais tradicionais cafés do início do século passado. O Girondino original ficava na Rua XV de Novembro com a Praça da Sé. O atendimento é bom, o que eu comi, eu gostei (pão de batata e suco de laranja) e o ambiente é um charme só. Se quiser impressionar num primeiro encontro, ali provavelmente funcione.  😉
📍 Café Girondino – Rua Boa Vista, 365

 

⭐ MOSTEIRO DE SÃO BENTO

Já na frente do Mosteiro, tivemos alguns exemplos de artistas de rua, juntando vários curiosos pra ver as apresentações. A entrada é gratuita na basílica, mas não se pode tirar fotos lá dentro, mas por fora ela já é bonita, tá? A parte do mosteiro mesmo não estava aberta à visitação no dia, mas demos uma volta pela Basílica e foi bem interessante ver que há diversos altares nos corredores laterais, com bancos virados pra ele e tudo mais. O Mosteiro já teve 4 construções diferentes e essa última data de 1910, mas só foi finalizada em 1922, com a instalação dos sinos e do relógio. E, sabia que existem 4 outros Mosteiros de São Bento, dependentes desse de Sampa, em outras cidades: Sorocaba, Jundiaí, Santana do Parnaíba e Santos? Interessante, né? E todos os dias, tem missa com canto gregoriano, durante a semana, às 7h, sábado, às 6h e domingo, às 10h.
📍 Mosteiro de São Bento – Largo de São Bento, s/n

 

⭐ EDIFÍCIO MARTINELLI + BANESPÃO (FAROL SANTANDER)

Numa das paradas mais legais do dia, entramos no Edifício Martinelli, que foi o primeiro arranha-céu de São Paulo, finalizado em 1929 e que hoje abriga 70% do corpo da Prefeitura ali no entorno. Conseguimos subir até o topo, no 26º andar (sim, esse já foi o mais alto da América Latina com 26 andares). Uma curiosidade: os moradores da região morriam de medo daquele prédio gigante cair. Pra provar que era seguro, o arquiteto Giuseppe Martinelli se mudou pro último andar. E que vista ele tinha e a gente teve oportunidade de ter. Hoje, além de ver a Catedral da Sé ali por perto, um vizinho famoso é o Banespão (Edifício Altino Arantes), que foi inspirado no Empire State Building (NY), foi considerado nos anos 40 a maior construção de concreto armado do mundo e por quase 20 anos era o mais alto da cidade. Não deu pra incluir o Banespão nesse roteiro porque ele estava fechado, mas é uma outra visita que quero fazer. [atualização: em 2020, esse prédio é conhecido como Farol Santander]
📍 Edifício Martinelli – Av. São João, 11 a 65
📍 Banespão/Farol Santander – Rua João Brícola, 24

 

⭐ PATEO DO COLLEGIO (PÁTIO DO COLÉGIO)

Local de nascimento da cidade de São Paulo, o Pateo do Collegio (ou Pátio do Colégio) é um minicomplexo que além de receber eventos e casamentos, abriga o Museu Anchieta (entrada R$ 6, valor de jan/2014), a cripta de José de Anchieta, uma igreja onde foi realizada a primeira missa na cidade, uma biblioteca e um café. Ufa! Um café caro aliás. Uma broa de milho, uma água e uma tortinha de ameixa com chocolate saíram por quase R$ 15. Mas valeu a pena, a torta estava incrível! Demos uma passada rápida pela cripta, pela igrejinha e pelos jardins atrás do museu, entrando pelo café. Na frente do complexo, no pátio propriamente dito, fica o ponto de partida do passeio turístico de trólebus, oferecido pela Prefeitura das 9h às 15h nesse sábado passado.
📍 Pateo do Collegio – Praça Pateo do Collegio, 2

 

⭐ SOLAR DA MARQUESA DE SANTOS + BECO DO PINTO + CASA DA IMAGEM DE SP

Logo ao lado do Pateo do Collegio, esse complexo de duas casas com um beco no meio, volta um pouco no tempo, mas trazendo modernidade junto. As duas são casas coloniais, vizinhas, de fachada reta e varandas. O Solar da Marquesa de Santos serviu de residência para vários figurões importantes, mas foi a Marquesa de Santos, Domitila, sua mais célebre moradora, talvez por ser amante de D. Pedro I, né? Hoje o local tem uma exposição sobre a marquesa e uma intervenção chamada #CentroLugar, que conta com mapas-postais da cidade onde você escreve experiências, poemas ou o que quiser e pendura em um varal multimídia dentro do Solar. Pra sua abertura nesse dia 25, a intervenção contou com uma ação chamada Vaga Viva, que chama a atenção pra mobilidade urbana. A Casa da Imagem de São Paulo já foi sede da companhia de gás e casa de banho medicinal e hoje abriga um acervo iconográfico da cidade, além de exposições de fotografias. O Beco do Pinto, chamado assim por conta de um dos moradores do Solar, que tinha esse sobrenome e que tentou fechar o beco por várias vezes devido ao mal cheiro que os excrementos humanos deixados ali causavam. Hoje uma intervenção artística chamada Perfume de Princesa interliga as duas casas e o beco, com um exaustor gigante que tem 6 ventuinhas de saída com 5 odores florais e um bem exótico chamado de “orgia” por ser uma junção de várias secreções que o corpo expele durante o ato sexual, segundo a arte-educadora da Casa da Imagem. Não sei porque, mas ela disse que essa é a que o pessoal mais quer ver e ela fica no Beco do Pinto. Coincidência?
📍 Solar da Marquesa de Santos – Rua Roberto Simonsen, 136-A
📍 Beco do Pinto – Rua Roberto Simonsen, s/n
📍 Casa da Imagem de São Paulo – Rua Roberto Simonsen, 136-B

 

⭐ PRAÇA DO PATRIARCA + VIADUTO DO CHÁ

Continuando a andança, passamos pela Praça do Patriarca, que é um ponto de acesso pra vários pontos importantes da região e que passou por uma remodelação em 2002, quando foi colocado o modernoso “portal”. O nome é uma homenagem a José Bonifácio de Andrade e Silva, o “Patriarca da Independência”. Em 1922, foi nomeada como Praça Patriarca José Bonifácio, mas em 1953 reduziram o nome pro de hoje, porque todo mundo chamava assim, mesmo. O Viaduto do Chá foi o primeiro viaduto construído em São Paulo, começado em 1888, mas teve suas obras interrompidas porque um povinho dali não queria não. O Barão de Tatuí foi um deles, porque teria sua casa desapropriada. Mas o povo a favor do viaduto fez protesto, pegou picaretas e quebrou as paredes da casa dele, que cultivava chá ali. Deu o nome pro viaduto sem querer, mas teve que mudar na marra e a construção continuou. A estrutura metálica veio da Alemanha e a festa de inauguração foi interrompida adivinha por quê? Pela chuva. “Ê ê ê ê, São Paulo! São Paulo da garoa…” já dizia a música.

 

⭐ VALE DO ANHANGABAÚ

De cima do Viaduto do Chá, conseguimos dar uma olhadinha no Vale do Anhangabaú. Apesar de bonito e hoje mais revitalizado, nunca foi o lugar mais atraente ou seguro do centro da cidade. Mas lá é onde sempre rolam manifestações, comícios e shows como os que acontecem na Virada Cultural. O calçadão está 10m acima de onde é efetivamente o Vale, porque embaixo dele passam dois túneis pros carros.

 

⭐ THEATRO MUNICIPAL

Um dos prédios mais importantes de Sampa, mas acredita que nunca assisti um espetáculo sequer ali? No sábado ia rolar apresentação do Balé da Cidade, do qual a Gardênia já fez parte, tanto que ela se emocionou quando entramos na área da bilheteria, de onde podemos ver a escadaria do hall de entrada. É lindo ali, gente. Parece aquelas escadarias de filme antigo, sabe? E na frente do Theatro, estava rolando uma feirinha gastronômica chamada Chefs na Rua. As opções pra matar a fome iam de strogonoff a hambúrguer, passando por bacalhau, sanduíche de pernil e cordeiro, polenta, hot dog francês, brigadeiro, carne de pato e outras coisas. Tudo ali, no meio da rua e fazendo muita gente feliz. Tava lotado, cara! Mas mesmo assim ainda consegui encontrar a Fernanda, minha amiga que me deu essa dica. São chefs renomados fazendo pratos simples que variam de R$ 5 a R$ 15, na rua.
Até esse ponto o tour foi todo a pé. Pegamos o metrô na Estação São Bento pra ir pro segundo bloco do São Paulo walking tour.
📍 Theatro Municipal – Praça Ramos de Azevedo, s/n

 

⭐ AVENIDA PAULISTA + MASP

Ah! A Paulista… Essa já é íntima minha. O símbolo máximo de Sampa em vários sentidos. Descemos na Estação Trianon-Masp e seguiríamos a pé no sentido Consolação. No sentido Brigadeiro/Paraíso, ainda tem outras coisas legais pra se ver, como Casa das Rosas, Shopping Pátio Paulista, Prédio da Gazeta, Reserva Cultural, Itaú Cultural, Sesc Avenida Paulista (que deve reabrir em 2015), FIESP, Boulevard Monti Mare (um dos “xing-ling” da Paulista) e mais um tanto de coisa na avenida e nos seus arredores. A Paulista é o símbolo mais representativo da diversidade e agito da cidade. Tem gente de todo tipo. Mesmo! E sempre tem movimento, não importa a hora. E é linda e ótima de caminhar. Tem muito “paulistano, meu” (eu incluso), que adora fazer o passeio “caminhar pela Paulista”. A avenida também é palco de manifestações e eventos como a Parada LGBTQIA+ (a maior do mundo), trazendo muito “pink money” pros cofres públicos, e a Marcha pra Jesus. Dessa vez, descemos já no meio da avenida, passamos pelo MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, outro ícone da cidade, conhecido por seu vão-livre de 70m, projetado por Lina Bo Bardi. Vale lembrar que às terças, a entrada no museu é gratuita. 15min antes de chegarmos, estava marcada uma manifestação que punha a Copa do Mundo de 2014 contra serviços básicos como educação e saúde. Praticamente todas as manifestações da cidade se concentram ali no vão. Tinham muitos policiais, muitos manifestantes e um cara vestido de Lego pra promover o filme. Isso é Paulista. Passamos pelo Parque Trianon, Center 3 e pelo Conjunto Nacional, onde nos abrigamos temporariamente da chuva que estava ameaçando cair, mas não passou de pequenos pingos. Lá perto do cruzamento com a Consolação, tem a entrada do túnel que é um ponto bem famoso pras fotos da Paulista.
📍 MASP – Avenida Paulista, 1578

 

⭐ BACIO DI LATTE + RUA OSCAR FREIRE

A pé, descemos a rua Haddock Lobo até chegar na Alameda Tietê. Virando à direita e seguindo até o cruzamento com a Bela Cintra, você chega na Itália. Ou quase isso. A gelateria Bacio di Latte, que tem a ideia nascida em Milão e executada no Brasil por Edoardo e Gigi, tem uma das lojas ali. A 1ª foi inaugurada na rua Oscar Freire. O sucesso foi tanto e o espaço era tão pequeno, que abriram essa nova unidade, na rua Bela Cintra, onde antigamente era uma loja da Havana. Tomamos sorvetes deliciosos, pegamos o carro da Gardênia, que estava ali perto e a caminho da nossa próxima parada, passamos pela Rua Oscar Freire, ponto de compras de alto padrão, onde estrangeiros ficam fascinados, mas saem dali com no máximo um par de Havaianas, porque até pra eles o preço é extremamente salgado. Além de lojas “chiques”, pudemos também ver, pelo menos 3 exemplares de corações de fibra de vidro personalizados da Heart Parade (tipo a Rino Mania), que pelas minhas pesquisas, aconteceu em outubro do ano passado, mas acho que está voltando. 😛
📍 Bacio di Latte – Rua Bela Cintra, 1829
📍 Rua Oscar Freire – diversos horários

 

⭐ MUSEU DA IMAGEM E DO SOM (MIS)

De carro, chegamos ao MIS, onde estava acontecendo uma festa chamada Conexão Cultural. Todo sábado rola alguma coisa por lá. Uma vez por mês rola a famosa Green Sunset. Nesse sábado, o corredor de entrada estava todo decorado com guarda-chuvas, fazendo alusão à exposição São Paulo Terra da Garoa, e estava rolando um show bem animado do BOSS Traditional Jazz e mais tarde ainda ia rolar show da Trupe Chá de Boldo no Auditório. Nessa exposição, tem uma ação interativa onde você podia tirar foto embaixo do seu guarda-chuva preferido e postar a foto no Instagram com as hashtags do evento. O resultado sai hoje, então curte lá a minha foto, porque a que tiver mais curtidas leva o modelo que tirou a foto, e eu quero presentear a Kátia porque a ideia foi dela. E fica ligado que agora, dia 31 de janeiro abre a exposição David Bowie, organizada pelo Victoria & Albert Museum, de Londres. Não vai perder, hein?
📍 MIS – Avenida Europa, 158

 

⭐ PARQUE DO IBIRAPUERA

E pra fechar o São Paulo walking tour, a Gardênia lembrou de última hora do show de águas da Fonte Multimídia do Parque do Ibirapuera, que também fez aniversário, completando 10 anos. Corremos pra lá e quando chegamos o show estava acabando, mas em 5min teve uma outra apresentação, e pudemos assistir inteiro. A apresentação mostra um pouco da diversidade cultural de São Paulo, com músicas de Rita Lee, Lulu Santos, e raps e sambas que falam da cidade. Muito legal! Essa foi especial pra comemoração dos aniversários, mas a fonte tem espetáculos todos os dias. Outro espetáculo especial é no fim do ano, quando essa parte do Ibirapuera fica quase intransitável por conta da Fonte e da Árvore de Natal gigante. Esse pedaço da cidade, ainda tem o Obelisco, o Monumento às Bandeiras e, claro, o próprio Parque do Ibirapuera, que é sensacional e bomba nos fins de semana de sol. O PicNic dos Viajantes, organizado pelo blog, rolou lá no último dia 18, sábado, confira as fotos. Então nem preciso dizer que o “Ibira”, como é carinhosamente conhecido, é um marco da cidade, né?
📍 Parque do Ibirapuera – Av. Pedro Álvares Cabral, s/n

 

Roteiro São Paulo walking tour:

1. Café Girondino
2. Mosteiro de São Bento
3. Edifício Martinelli + Farol Santander
4. Pateo do Collegio
5. Solar da Marquesa de Santos + Beco do Pinto + Casa da Imagem de São Paulo
6. Praça do Patriarca + Viaduto do Chá
7. Vale do Angangabaú
8. Theatro Municipal
9. Avenida Paulista + MASP
10. Bacio di Latte + Rua Oscar Freire
11. MIS (Museu da Imagem e do Som)
12. Parque do Ibirapuera

 

Ufa! Chegamos cansadões ao fim desse dia de sol forte, mas foi muito muito legal. Brigadão, Roberta, pelo convite pra esse São Paulo walking tour!

Espero que tenham gostado. Se conhecerem outros roteiros interessantes por São Paulo, deixem nos comentários. A cidade pode ser conhecidas de milhares de formas e o seu, com certeza, vai ajudar muita gente.

 

[Post originalmente publicado em 27/1/2014 no Viagem Primata e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 21/12/2020]

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