Colca Canyon e os vilarejos perto de Arequipa | Mochilão Peru #16
O Mochilão no Peru continua no segundo dia do trekking Colca Canyon (veja o 1º dia). Foi uma aventura e tanto! Depois, paramos em vilarejos e em um local com banhos termais e banho de rio.
MOCHILÃO NO PERU – DIA 16 – 29/2 – SEGUNDA
Colca Canyon e os vilarejos próximos de Arequipa
Chegando do trekking ontem, fomos separados nos quartos e fiquei num quarto junto com o Vince, um holandês muito gente boa. Na hora de dormir, fizemos um mata-mata de insetos. Baratas, aranhinhas e mariposas morreram sem dó por esses dois assassinos crueis que não os queriam em suas bocas durante a noite. 😛 Sorry, mãe natureza!
Depois do cansaço de ontem, dormi que nem uma pedra!
E hoje, o dia começou bem cedo. Acordamos às 4h da manhã, pra nos arrumarmos e acordar nosso grupo, pra sair do oásis às 4h30 e chegar no topo do cânion antes do sol estar a pino queimando nossa cuca.
Fui o primeiro a ficar pronto e ouvi do Vince (com desgosto mas concordando): “nossa, é a primeira vez que vejo um brasileiro sendo pontual”. E ele já morou no Brasil, sabe do que tá falando. 🙁 Esperamos todo mundo por mais uns 5 ou 10min, peguei meus snacks que comprei ontem, mas tinha esquecido no balcão do oásis (S./ 9 por duas barrinhas de cereal e um pacotinho com 6 bolachas Oreo).
Às 4h40, ainda no escuro, começamos a subida. Se você for fazer o passeio, compre aquela lanterna de cabeça, que ajuda bastante. Eu não tinha comprado e senti falta. Foi ruim que eu tinha que aproveitar da luz da lanterna dos outros, na frente e atrás, mas em certo ponto foi bom, porque mantive um pouco o ritmo deles, sem ficar muito pra trás.
Até certo ponto. Chegou uma hora que o cansaço começou a bater forte. O corpo ainda sentia as dores dos 14km de ontem, o ar mais rarefeito dessa altitude faltava nos pulmões e as pernas começaram a reclamar das muitas pedras que tinha que subir.
Como estou sem tanto condicionamento físico, chegou uma hora que tive que dar uma pausa, pra conseguir recuperar um pouco das energias. Água, folha de coca e bala de coca me ajudaram (e muito!) no caminho.
Mantive um passo lento, mas constante, tentando parar o menor número de vezes possível. Olhei no relógio às 6h36 por exemplo, e prometi pra mim mesmo que só pararia de novo às 7h, no mínimo. Andei, andei, andei e na hora que senti que precisava parar, vi que só tinham se passado 4min! 😮 Resolvi cumprir a promessa e continuei caminhando. Quando o fôlego estava acabando, o relógio marcava 6h44. Acho que não tava funcionando direito, sabe… 😛
Nessa altitude e nessas condições cada passo custa muito pro corpo. Minha mochila também foi mais pesada do que deveria. Só a câmera já pesa horrores, mas pelo menos me rendeu umas fotos bem legais. Ou não?
Pra quem não guenta o tranco, há opção de pedir uma mula, pra você subir em cima dela. Se você não reserva antes essa mula, paga uma bolada de uns S./ 60. E ainda assim não é tão seguro, já que a mula balança bastante e há relatos de algumas que caíram do penhasco. Preferi encarar meu cansaço.
Depois de 3h, às 7h40, cheguei ao topo. Cansado, destruído, mas mais uma vez muito feliz e orgulhoso de mim mesmo. Foi meio que a mesma sensação de quando subi o Vulcão Lascar, no Chile, em dezembro. Desafios superados e satisfação pessoal. Lá em cima, uma peruana nativa da região vendia água e snacks.
Depois de umas fotos com a galera, seguimos caminhando (dessa vez num terreno mais plano) até o local do café-da-manhã, no vilarejo de Cabanaconde. Sim, até depois das 8h não tínhamos tomado café. Só comemos snacks no caminho. O café seguiu o básico de sempre: pão, manteiga, geleia de morango, água quente, sachês de chá e café e folhas de coca. Mas dessa vez teve um ingrediente a mais que fez todo mundo sorrir: ovos mexidos.
Depois do café, comprei mais uma água de 2,5L e seguimos viagem até o vilarejo de Maca, pra uma parada bem turística, podendo tirar foto com uma lhama e uma águia (não tem preço, mas você deixa uma gorjeta pros donos dos bichos), comprar souvenirs e produtos de artesanato (que dá vontade de levar tudo mesmo). [atualização nov/18: hoje não incentivo mais esse tipo de turismo que explora animais, mas na época, a chance de ficar pertinho de uma lhama e uma águia me saltou aos olhos]
Depois paramos novamente no primeiro mirante que paramos na ida, onde dá pra ver o final do Valle del Colca e o começo do Colca Canyon. O pessoal que seguiu passeio desde o início com o guia Walter não tinha parado lá na ida.
A próxima parada é já perto de Chivay, nos banhos termais (hot springs). A entrada é opcional e custa S./ 15. Depois de um dia tão intenso como esse, valeria a pena.
Mas, como ele não era nada demais, eram piscinas aquecidas, pelo que deu pra ver de fora, nem perdi tempo e, junto com um pessoal, desci pra perto do Rio Colca, pra usar nossa 1h ali mesmo.
O Friedrich e eu encaramos a água. As meninas suíças e o Vince só colocaram os pés. A água tava MUITO gelada. Mas tipo, muito MESMO! Eu entrei só um pouco, devo ter ficado com a perna dentro da água por talvez 3min. Quando saí, minha perna parecia estar queimando de frio. Não tenho ideia da temperatura, mas tava bem além do refrescante. De qualquer forma, eu encarei! 🙂
A essa altura do campeonato, já estava todo mundo morto de fome e paramos pro almoço. A indicação de restaurante era um buffet, que disseram que tava mega delicioso. Mas custava S./ 28! Logo na rua do lado, achamos um menu econômico por S./ 8.
Dava pra comer três vezes e ainda sobrava. E era boa a comida: sopa de quinoa de entrada e três opções de prato principal, duas que tinham carne de alpaca e a outra que era milanesa de frango, que foi a que escolhi. O menu ainda incluía uma bananinha de sobremesa e uma “água de maçã”. Essa não consegui tomar porque era quente! Eca! Mas pedi uma Inca Kola. Não tomo refri, mas pelo menos essa vem engarrafada.
Na volta, paramos num mirante que fica no ponto mais alto da estrada. Oficialmente marca 4.910m do nível do mar. Mas o guia falou que a verdade é que é 4.800 pelo que ele mediu. Mas é por aí… Bem alto!
Dessa vez não senti tanto a altitude. Talvez já tenha me aclimatado bem e o esforço de hoje de manhã e ontem (que me rendeu bolha nos dois dedões dos pés) tenham ajudado a encarar de boa os quase 5.000m.
No caminho de volta à Arequipa, que tinha previsão de 3h, pudemos ver o imponente Vulcão El Misti e algumas vicunhas. E assim acabou nosso dia, com todo mundo capotado na van, destruídos mas felizes.
Chegando na cidade, fui atrás de imprimir fotos que tirei nessa primeira metade da viagem em um papel mais legalzinho, pra mandar como postal, como eu prometi no final desse vídeo aqui.
Eu ia pegar hoje mesmo o ônibus noturno pra Puno, mas preferi ficar mais uma noite em Arequipa, no Park Hostel mesmo, pra descansar um pouco e amanhã de manhã seguir viagem. Vai ser ônibus diurno, viagem um pouco mais cansativa e vou perder uma parte do dia lá, mas tá valendo. Meu corpo tá pedindo.
Agora chega de blá blá blá que o Rafa tem que dormir, beleza, crianças?
Até amanhã! 😉
Reserve hotel em Arequipa
Veja tudo sobre meu mochilão no Peru
[Post originalmente publicado em 29/02/2016 no Viagem Primata e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 24/11/2018]
7 Comentários
bruno
Muito Show… Continue com o diario…. Parabens…
]
Rafael Leick
Eba! Valeu!!! Vou continuar. Pelo menos tentarei. 🙂
Mochilão no Peru: Dia 17 | Diário de Bordo | Viagem Primata Viagem Primata
[…] que postei o relato de ontem, fui tomar um banho pra dormir e o Friedrich acordou morrendo de dor de dente. Enquanto eu tava no […]
Rodrigo Nunes
Fala Rafael, beleza? Agradeço (e elogio) o relato, convenceu-me a ficar três dias na região de Arequipa para fazer o trekking (e não apenas o bate-volta).
Pode me tirar uma dúvida? Como os meus dias estão bem apertados, pretendo pegar um ônibus para Ica no dia de retorno do trekking, sendo o último de saída da rodoviária às 21:30h. Por acaso se recorda do horário que chegou a Arequipa? Acha que dá tempo de embarcar no mesmo dia?
Agradeço antecipadamente.
Rafael Leick
Oi, Rodrigo. Beleza e você?
Poxa, valeu pelo elogio 😉 Fico feliz que tenha aumentado seu tempo em Arequipa. Eu amei a cidade. Depois me conte se valeu a pena, ok?
Cara, não lembro o horário exato de chegada porque já fazem 3 anos, mas pelo que me recordo, foi no fim da tarde. Se o ônibus sai 21h30, acredito que dê tempo tranquilamente. De qualquer forma, cheque com a agência que for fazer o passeio, pra ver se não teve nenhuma alteração, ok?
Quando voltar da viagem, agradeço se puder voltar aqui no blog pra contar como foi, assim, ajudamos outros viajantes também. 😉
Abs
Rodrigo
Tou lendo todos os posts, porque vou pra lá em novembro. É muito legal te ler. Nesse episódio, parece que eu te conheço há anos e ouço a tua voz (sendo que nunca te vi). Parabéns por esse jeito como escreves. E por tudo o mais também. : )
Rafael Leick
Ah, que delícia ler isso, querido! Muito obrigado! 🙂
Fico feliz de estar ajudando. Espero que sua viagem seja incrível. Olha só, não esquece de usar o menu “Sua Viagem” aqui no blog pra me ajudar, hein? Qualquer serviço que você contratar com esses fornecedores através desse link saem o mesmo valor do que se for direto, mas você me ajuda porque eles me comissionam. Conto contigo rs
Quando estiver no Peru, me marca @viajabi e/ou usa #viajabi nas fotos no Insta pra acompanhar hein?
beijos