Panorama do Turismo LGBT hoje
Um dos pontos mais importantes em uma economia é ter a certeza de que existe o mercado que você está trabalhando, oferecendo produtos e serviços. Pois sem o consumidor não existe o mercado! Isso foi algo que os americanos tiveram que aprender à força nos anos 1970, pois a internet era coisa ainda da “pedra”, mas os gays sabiam que existiam outros gays querendo consumir e se possível algo que fizesse a turma crescer. Algo importante em sociedade, que nós brasileiros ainda não participamos tanto. Basta ver as reuniões do “condomínio” e outras oportunidades onde é difícil levar as pessoas para discutir.
Se nós, LGBT brasileiros, pensássemos nisso com firmeza, teríamos uma enorme surpresa, afinal somos o segundo maior mercado LGBT fora do armário do mundo, contando a nossa população, mesmo que haja dificuldades em algumas regiões.
Só perdemos para os americanos! E não podemos contar com Rússia, China e Índia, por exemplo. O Turismo LGBT é o que pode ter algo incrível, uma posição positiva em nossa economia, afinal o que nossa comunidade procura hoje em dia é serviço, bom atendimento e preços de mercado.
E não é nada fácil levar o Turismo LGBT para os milhões de brasileiros apaixonados por turismo. E não é a toa que o Ministério do Turismo investiu na cartilha de como atender ao turista LGBT.
A Embratur esteve presente em mais uma convenção da IGLTA levando os nossos destinos friendly para os consumidores gays internacionais. O Rio de Janeiro está muito interessado em ver sua Parada do Orgulho LGBT tomar formato para investimentos corporativos, como aconteceu com a Skol, Accor e a Parada LGBT de São Paulo ano passado.
Mas o que todos os investidores LGBT comentam é que a formação desta força de consumidor ainda é fraca, principalmente pelo jeito que o brasileiro se refere a quase tudo, com algumas raras exceções evidentes em ações como Boticário, Avon e Delta, que entendem o consumidor final e acreditam na força desta comunidade em termos econômicos.
Antes deste “turismo LGBT” chegar aos turistas de plantão, muito serviço é realizado, muitos investimentos são feitos. Como por exemplo: treinar as equipes para atendimento, elaborar material ilustrativo e online dos produtos, participar de feiras de turismo, viajar para conhecer novos mercados e benchmarking com concorrentes no Brasil e exterior.
As grandes feiras de turismo ao redor do mundo oferece área específica para o segmento, com palestras, seminários, demonstrações, stands decorados com “rainbow” e chamados de “pink corner” (Esquina Rosa).
Aqui no Brasil não é diferente, o mercado está cada vez mais interessado em saber como atender melhor e oferecer melhores produtos para estes consumidores LGBT, que em muitos casos conhecem os destinos internacionais mais ativos e com mais atrações, pesquisam exaustivamente os valores em diferentes plataformas online, operadoras e agências de turismo. E outras indústrias já notaram a mesma coisa, o consumidor LGBT é bastante informado em sua grande maioria e são fiéis aos bons serviços, bom atendimento.
Em abril, participei de um dos eventos mais importantes de turismo na América Latina: WTM Latin America, com vários países divulgando para os brasileiros seus lindos destinos, redes hoteleiras, operadores, companhias aéreas. Estávamos presentes com as duas associações do turismo LGBT, a internacional IGLTA e a nacional ABT LGBT, com os mesmos objetivos em divulgar este mercado para que operadores possam montar programas para os nossos consumidores, que os hotéis também possam participar ativamente com boas ofertas, eventos, e fazer com que toda a malha das empresas envolvidas no turismo possa conhecer mais e melhor o que buscamos em nossas viagens, a lazer, a negócios, visitando parentes e, agora cada vez mais, em famílias.
Durante esta WTM notei que há muitas novidades em termos de app. Um deles é um app que vai “acumulando” informações de outros gays enquanto curtem suas viagens, publicam as fotos, comentam os serviços. E uma plataforma que está elaborando uma enorme cobertura dos locais friendly, destinos, hotéis, pacotes LGBT. Hotéis que agora munem seus concierges com mais informações sobre os acontecimentos especiais durante a estada que possam interessar aos seus potenciais clientes.
Com tudo isso, os agentes de turismo estão cada vez se especializando mais e mais em nosso mercado, mostrando o interesse total em atender melhor em vários sentidos, ajudando no financeiro e nos documentos corretos para cada viagem. Sugestões que nem sempre será encontrada em máquinas. Por isso, convido vocês todos a quando for comprar um produto de turismo, lembre-se de verificar se é uma empresa friendly, que buscou se informar pra saber orientar corretamente uma viagem para você e amigos.
Vamos ampliar os ecos de nossa comunidade de forma consciente e demonstrando que somos consumidores que desejam ter uma viagem excelente, sem percalços e, em situação de problemas, ter com quem contar na outra ponta do telefone.
Contem com seus fornecedores LGBTs que o reflexo será retornado a todos.
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