Islas Ballestas e Huacachina, paraíso e oásis | Mochilão Peru #11
O dia mais bonito desse Mochilão no Peru até agora acabou de acontecer. Teve Islas Ballestas e Huacachina, ou seja, leões marinhos, pinguins, oásis, passeio de buggy e sandboard. Dá pra imaginar?
MOCHILÃO NO PERU – DIA 11 – 24/2 – QUARTA
Islas Ballestas e Huacachina, paraíso e oásis
Ontem à noite, conheci um brasileiro aqui no hostel, o Gustavo, que também tá num mochilão de 30 dias passando por Chile, Bolívia e Peru. Ele me deu umas dicas porque aqui em terras peruanas, ele tá no sentido contrário que estou fazendo.
Fiz minhas reservas de ônibus e hostel para Nazca e Arequipa. E fiquei surpreso pois após alguns minutos de fazer a reserva no Nanasqa Hostel em Nazca, recebi um WhatsApp, em português (!) dizendo que estavam confirmando a reserva e que o transfer da estação de ônibus até o hostel estava incluso na diária.
E eu estava naquele momento justamente vendo como faria esse trajeto e pensando “bom, dá uns 15min a pé, tudo bem que chego quase meia-noite, mas dá pra encarar”.
São pequenos detalhes que mudam tudo. Já amei o hostel muito antes de chegar.
No quarto também conheci uma portuguesa e um cara da Costa Rica (era o que estava dormindo animado ontem rs). E foi por causa dele que descobri que conseguiria economizar no transporte de hoje. O Icthus Paracas Hostel faz um transfer de Paracas para Ica por S./ 20. E para em Huacachina, o oásis que visitei hoje. Os ônibus normais custavam mais caro.
Hoje acordei por volta de 6h40 pra arrumar as coisas. Tomei café no hostel por S./ 8 (iogurte, água quente com infusão de chá ou café, manteiga, 2 pães, geléia e salada de frutas). Achei bom.
Corri pra agência, Paracas Overland, com quem fechei o tour de ontem, da Reserva Nacional de Paracas e esse tour da Islas Ballestas. Combinamos lá às 7h30 para poder sair do porto às 8h. Esse é um tour operado pela própria agência, diferente de ontem, então posso avaliar melhor o serviço deles. Dessa vez, foram outras agências que vieram fazer o passeio com eles.
Fiquei papeando com 2 casais do Canadá. Dois deles, originalmente da Inglaterra. Muito sorridentes e divertidos.
Hey, guys from Canada/England, if you’re reading this, it was a pleasure to meet you! Maybe we’ll meet again in Arequipa. 🙂
O guia deles veio junto com a gente e pesquei a dica: melhor lugar é no meio do barco e do lado esquerdo. Balança menos, molha menos e tem mais visibilidade em todas as paradas pra foto. Ou seja, bingo!
O guia da Paracas Overland falava espanhol, inglês e francês, já que tinha um outro pessoal da França. Razô!
O tour é sensacional e indescritível. São 2h que custam S./ 30. E, como expliquei ontem, paga-se mais S./ 13, S./ 3 para o uso do píer e S./ 10 para a área de preservação das ilhas. Esses últimos não paguei hoje porque ontem comprei o combinado das Islas Ballestas junto com a Reserva Nacional de Paracas. Então economizei S./ 5, pagando somente S./ 15 pelas duas entradas.
Colocamos os coletes salva-vidas e enquanto estamos indo, o guia explica que à direita se vê uma reserva de produção de gás natural e diesel, que vem lá de Cusco. E do lado esquerdo, o porto onde escoa grande parte da produção de salitre e alguma coisa mais que esqueci (sorry!).
A primeira parada do barco é pra ver o El Candelabro, um geoglifo inscrito nas rochas calcárias que de longe parece areia (foto acima). Os desenhos remetem às Linhas de Nazca, mas essas tem os sulcos com 40 a 50cm de profundidade enquanto suas irmãs famosas tem uma média de 5cm. Atribui-se, portanto, à cultura Paracas. Mas a origem certa de ambas são parte dos grandes mistérios da humanidade.
Dali seguimos para as Islas Ballestas propriamente ditas e os barcos dão a volta ao redor das ilhas, se aproximando um pouco mais de regiões com muitos, mas tipo, MUITOS, leões marinhos, chamados também de lobos marinos, por conta do som que emitem.
Eles são a atração principal do passeio, junto com o pinguim, que só vimos dois. Há também diversas espécies de aves, mas elas me interessam ligeiramente menos que seus colegas de ilha. Apesar disso, sua presença é massiva e o cheiro que elas deixam por lá também. Digamos que, nesse ponto, a ilha é toda cagada. 😛 Sem exagero. De tempos em tempos, o pessoal vai lá tirar essa crosta de cocô e vende como adubo, pelo que entendi.
Mas com a beleza do lugar, o cheiro não chega nem perto de ser um impeditivo para o passeio. Parece que as Islas Ballestas tem fama de ser um Galápagos pobre. A proximidade com a vida selvagem é sim similar.
Há algumas partes chamadas de maternidades, onde há centenas, senão milhares, de leões marinhos machos gigantes, fêmeas e seus filhotes. Ao chegar nesse ponto, o barulho que eles fazem é ensurdecedor. E juntando com as milhares de aves voando na parte mas alta das pedras, é difícil não se impressionar. Eu me emocionei e chorei sentindo essa vibração da natureza tão perto de mim. É muito forte.
Forte também podem ser algumas cenas que, dessa vez, não presenciamos. Os leões marinhos machos disputam as fêmeas pois são poligâmicos e ficam com marcas de dentada pelo corpo. Além disso, por esse motivo, atacam também bebês que não são seus, matando-os.
O guia disse “se virem isso, não se assustem, é parte da sua natureza”, mas acho que me impressionaria mesmo assim.
Enfim, se tiver por Ica, Pisco, Nazca ou até mesmo Lima, a visita à Paracas vale a pena só por esse passeio, na minha opinião.
Voltei pro hostel, tomei uma ducha só pra refrescar o calor e tirar a maresia, arrumei minhas coisas coisas e peguei o transfer para Huacachina.
O post hoje vai ser um pouco longo porque tem mais experiência pra contar. Guenta ae que vale a pena.
Chegamos na agência Desert, deixei meu mochilão e minha mochila com os eletrônicos lá, fechadas com cadeado, claro, atrás dos computadores que eles fazem de lan house (S./ 3 por 1h e S./ 2 por 30min).
Imagine um deserto. Não de sal ou mais rochoso como o Deserto do Atacama. Imagine aquele monte de dunas de areia sem fim. Aí imagine um oásis no meio do deserto. Bom, você imaginou Huacachina.
Saí caminhando até a lagoa que tem no meio do oásis e parei num restaurante com um tiozinho muito louco como garçom que cantava, dançava, falava um espanhol estranho e… era bem doidão. Bom, o nome do restaurante era Huaca Fucking China. Entendeu agora?
Uma salada mista e um suco de maracujá saiu por S./ 25, sendo só o suco S./ 10. Caro mas refrescante. Valeu. E com vista pra lagoa do oásis.
Caminhei mais um pouco, tirei fotos, comi um pouco de areia e conheci alguns banheiros da cidade (hoje ela voltou, a kh-nêra).
Mas não deixei ela vencer. Comprei um tour de buggy (tubulares) e sandboard na agência mesmo, que foi a mais barata que achei, por S./ 35. Olha, acho que foi o melhor remédio rs Fiquei melhor depois do tour. Acho que me caguei de medo. 😛 Mentira, foi de adrenalina.
O tour é muito divertido. E intenso. O buggy vai andando pelas dunas bem rápido e fazendo curvas radicais, descendo dunas praticamente verticais com força.
E depois para no alto de uma pequena duna e o guia/motorista ensina como descer ela da maneira correta usando a prancha de sandboard. Você acha que foi incrível nas três primeiras dunas. E quer mais.
E na verdade tem muito mais. As dunas vão ficando cada vez mais altas. E mais intensas. E você desce mais rápido. É adrenalina pura. Eu curti muito fazer e fiquei com vontade de descer aquelas dunas outra vez.
A última é insana. De verdade. E quero mais uma vez. E mais uma. E mais uma.
Voltamos à agência com areia até onde o Primata duvida. Comemos areia. O cabelo ficou mais duro, uma passada de mão no pescoço faz uma esfoliação de pele de graça!
Em vez de rachar um táxi até Ica, que já sabia que custava uns S./ 8 (valeu, Gustavo), barganhei o preço do carro da agência pra pagarmos menos. Saiu por S./ 3 cada, com espaço pras mochilas e mais tranquilos que num táxi. Valeu, Sundaycooks pela técnica de negociação de transporte no Peru. 🙂
Éramos em 6 pessoas e todos iríamos pra Ica, perto de onde ficam os terminais de ônibus. A menina argentina também ia viajar de PeruBus como eu, só que mais cedo.
O meu ônibus era às 21h30. Arrisquei chegar com a passagem só no celular e consegui que imprimissem pra mim. As próximas talvez imprima, por garantia. Talvez. Vamos ver. 🙂
Como cheguei com quase 2h de antecedência e porque eu comprei o serviço VIP (era o mais barato, S./ 12), fiquei esperando numa sala de espera fechada com sofazinho, água e café. E um ar condicionado bem forte. Pena que a única tomada da sala era bem embaixo do ar. Sorte que estava vazia, me esperando, porque meu celular e laptop estavam sem bateria quase.
Deixei o laptop dentro da mochila, conectado à energia, por segurança. Percebi duas coisas: os peruanos realmente são muito simpáticos e o banheiro da rodoviária é mais limpo que os outros, ainda assim não pense em mil maravilhas não. Mas tinha tampa na privada e pia onde lavar a mão. 😛
Já o banheiro desse ônibus VIP da PeruBus era top! 😛 Podia fazer o número dois e tinha até sabão. A dica é: pegue primeiro o sabão e depois a água, senão a água não sai da segunda vez. Como eu descobri isso? Um amigo meu me contou… Acho que tô pronto pra fazer um guia de banheiros peruanos.
Vim no caminho assistindo dois filmes que ficam passando na TV, você queira ou não 🙂 Mas eram legais e um deles era sobre um psiquiatra londrino que vai pra China e pra África em busca de saber mais sobre o que é felicidade.
Chegando em Nazca com um atraso de meia-hora (atrasou pra sair), o Roy, do Nanasqa Hostel foi me buscar no terminal conforme prometido (era o cara do WhatsApp do começo do post). Numa caminhonete surrada, chega ele, todo sorridente às 0h30, contando que morou em São Paulo por um ano e em Pernambuco por quatro anos pra estudar produção de cinema por lá.
Chegando ao hostel, descobri que, na real, é um “hostel temporário”, porque é a casa da mãe do Roy. É uma casa adaptada, claro, mas tem um super clima de alojamento backpacker, com cama limpinha, banheiro limpinho e WiFi livre. Tudo nos conformes. Só que vai ser temporário porque ele vai se mudar pra Lima e aí vão alugar aqui pra estudantes. [atualização nov/18: o hostel ainda tá no Booking, então ainda tá funcionando normalmente]
E amanhã tem Linhas de Nazca logo cedo! Então, boa noite! 🙂
Reserve hotel em Paracas
Reserve hotel em Nazca
Veja tudo sobre meu mochilão no Peru
[Post originalmente publicado em 24/02/2016 no Viagem Primata e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 24/11/2018]
18 Comentários
Fabio Pastorello
Nossa, esse dia foi intenso e sensacional hein? Amei tudo, mas principalmente o passeio pelas dunas. Deve ser o máximo.
Rafael Leick
É muito legal, Fábio.
Eu comi horrores de areia no sandboard mas foi mega divertido.
Alluan Lucas
Oi, Rafael!
Farei um mochilão em maio passando por Peru, Bolívia e Chile! o/
Gostei de saber que dá pra fazer as Islas Ballestas juntos com o Oásis. Já otimiza nosso roteiro apertado. haha
Você acha que vale a pena ficar mais um dia em Paracas para o tour pra Reserva Nacional que você fez no dia 10?
E as linhas de Nazca? O preço vale a pena? :S
Continue escrevendo, abraços!
Rafael Leick
Oi, Alluan.
Antes de mais nada, obrigado pelo comentário. 🙂
Fico feliz que esteja acompanhando a viagem.
Olha só, de roteiro talvez seja interessante começar pelo Chile, passar pelo Deserto do Atacama (tenho um guia completo aqui no blog: http://viagemprimata.com.br/mochilao-deserto-do-atacama-chile-post-guia) e de lá fazer o passeio pro Salar de Uyuni, o de 3 dias (http://viagemprimata.com.br/passeio-para-o-salar-de-uyuni-saindo-de-san-pedro-de-atacama/) e de lá seguir viagem. Na Bolívia terminar em Copacabana e atravessar o Titicaca até Puno, no Peru. Aí aqui você faz o roteiro contrário do meu, subindo, só vendo onde é melhor encaixar Machu Picchu.
Sobre fazer os dois no mesmo dia dá sim. É intenso mas rola fazer de boa. Dá pra dar uma relaxada em Huacachina antes do passeio nas dunas. Mas você vai ficar cheio de areia pro próximo destino rs Eu dei uma sacudida, tirei o excesso e mandei ver. Mas é bom saber disso.
O tour da Reserva tem paisagens muito bonitas, mas é no esquema pacotão mesmo, super rápido. Se você chegar a tempo no dia anterior, inclui no seu roteiro. Se for apertar demais, aí você tira. São paisagens muito lindas mas o tour me incomodou um pouco.
Sobre Nazca postei minhas impressões ontem à noite aqui ó: http://viagemprimata.com.br/mochilao-no-peru-dia-12-diario-de-bordo/
Eu acho que é um gasto necessário. Não é barato, é pouco tempo de um vôo bem desconfortável. Mas estamos falando de um dos grandes Patrimônios da Humanidade. Eu não deixaria de fazer. Ainda mais porque esses mistérios de civilizações andinas e antigas em geral me intrigam muito. Se for seu caso também, acho que vale vale a pena o preço. Mas tente o contato direto com a Aero Paracas pra pegar um preço melhor. 😉
Espero ter ajudado.
Abs
Alluan Lucas
Ajudou bastante!!
As passagens estão compradas já, vamos começar em Lima e terminar em Santiago mesmo, 😉
O roteiro tá quase finalizado:
Só estamos analisando ainda por quais cidades passar, além dos destinos certos de Machu Pichu, Uyuni e Atacama.
Estamos pra lançar um projeto que a gente espera contar com nossos relatos diários também.
Queria saber como você consegue encontrar forças pra fazer um post tão completo no final do dia? hahaah
Vou continuar te acompanhando pra saber o que faremos no Peru. o/
Abraços!
Rafael Leick
Poxa, Alluan, que gostoso ler seu comentário! 🙂
Se você vai começar por Lima, dá meio que pra fazer o mesmo roteiro do Peru que eu fiz, mas cortando algumas coisas pra dar tempo de fazer os outros países e trocando a ordem Cusco/Puno. Atravessa pra Bolívia, faz o passeio no sentido contrário pro Atacama, arrasa lá e depois vai pra Santiago (incluindo Viña del Mar e Valparaíso se for possível).
Não sei bem como aguento, mas até agora tem dado certo rs Tenho um caderno e tento ir escrevendo durante o dia. E depois passo pro computador, mas isso funcionou nos primeiros dias, que estava mais tranquilo. Agora, tô escrevendo direto no laptop no fim do dia mesmo. 🙂
Boa sorte com o projeto de vocês todos.
Abraços!
Alluan Lucas
Obrigadão, cara!
Ia botar o roteiro até agora: https://goo.gl/wHS8y3
Quando lançar o projeto, aviso aqui pra você dar uma conferida.
Abraços!
Rafael Leick
Olha só, o roteiro tá bem bacana!
Avisa sim, bora acompanhar! E nos próximos dias tô aqui em Arequipa e devo fazer o trekking do Cânion de Colca. Aí você vê se acha interessante fazer ou não. 🙂
Abs
Alluan Lucas
Ótimo! 😉
Eloah Cristina
Gostei desse dia ein!
Aventura nas dunas, viu bichinhos lindos e paisagens incríveis; AMEI!
Rafael Leick
Best dia ever da viagem! Foi sucesso! 🙂
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Alessandro Lopes
Olá, Rafa!!!
Queria saber sobre o transfer de Paracas pra Huacachina!!!
Onde conseguimos informações sobre preço, horários e etc???
Obrigado
Rafael Leick
Oi, Alessandro, tudo bom? Como falei no post, eu fechei o transfer de Paracas para Huacachina diretamente no Hostel Icthus Paracas, e como os preços podem ter variado, pois a viagem foi no início de 2016, te aconselho a entrar em contato diretamente com o hostel para pegar os dados atualizados. 🙂
Não é algo mega organizado como um ônibus de rodoviária, é um pouco mais caseiro mesmo, mas correu tudo muito bem.
Abs
Jôze
Olá Rafael! Muito fera suas dicas! Vi que não passou a noite em Huacachina e foi direto pra Nazca. Você acha que teria valido a pena ter ficado em Huacachina pra passar a noite? E tem como pegar um transfer bem cedo de Ica pra Nazca no dia seguinte?
Valeu!
Rafael Leick
Oi, Jôze, tudo bom? Valeu pelo comentário (e desculpe pela demora na resposta).
Huacachina acho que é mais legal pra passar o dia mesmo. Lá vai ter os passeios pra fazer, mas é isso. Não acho que valha a pena passar a noite. Os ônibus e/ou transfers tem horários variados. O melhor é consultar as empresas de ônibus porque os horários podem variar mas, pelo que me lembro, tem cedo sim. 🙂
Joze Peres
Olá Rafael!
Que legal suas dicas! Muito obrigada!
Vi que você não passou a noite em Huacachina, foi direto pra Nazca. Você acha que teria valido à pena passar a noite em Huacachina?
Você ficou sabendo se tinha transfer de Huacachina a Nazca bem cedo pela manhã, pra fazer o voo cedinho?
Obrigada!