Trilha Inca até Machu Picchu: o começo (1/4) | Mochilão Peru #25
Hoje o dia no Mochilão no Peru foi um dos que mais estava esperando desde que saí do Brasil: o início da Trilha Inca até Machu Picchu.
MOCHILÃO NO PERU – DIA 25 – 9/3 – QUARTA
Trilha Inca até Machu Picchu: o começo (dia 1 de 4)
Ontem saí pra jantar com o Vince, a Jill, a Sophie e o Daniel. Fomos novamente ao restaurante na lanchonete Pantástico, que tinha hambúrguer bem servido, batata frita e mais uma bebida, tudo por S./ 10.
Eu e o Daniel voltamos ao Milhouse Hostel e me despedi do meu trio preferido: das meninas e do Vince, meu companheiro desde o trekking Colca Canyon. 🙁 Mas talvez eu veja as meninas quando voltar pra Cusco uma última noite. Fiquei papeando um pouco com o Daniel, fui tomar banho, deixar a mochila arrumada e fui dormir.
Acordei às 3h30 pra me arrumar porque o guia combinou comigo de passar lá entre 4h e 4h30. Então teria tempo suficiente de arrumar tudo, deixar o mochilão no luggage room e esperar tranquilão depois do check-out. A espera durou muito mais do que o previsto e 5h15 pedi pro recepcionista ligar pra Viajes Cusco, a agência com quem fechei o pacote. 5h30 o guia Raul chegou, o mesmo que fez o briefing comigo ontem. Eu podia ter dormido 1h a mais 🙁 mas tudo bem, imprevistos acontecem e aconteceram.
Pegamos um micro-ônibus até Ollantaytambo pra tomar café-da-manhã lá. Ali também conheci o grupo de mais 8 viajantes: 3 da Austrália, 1 da Alemanha, 1 da Inglaterra, 1 dos Estados Unidos, 1 de Taiwan e 1 da China. Fora eles, 2 guias acompanham a gente e mais um grupo de porters (carregadores), que levam até 20kg cada nas costas, e vão na nossa frente pra preparar o almoço ou levantar acampamento.
Caso você não queira ir carregado, pode contratar um full-porter (a regra diz 20kg, mas os guias falaram que eles levam até 25kg) ou um half-porter (metade do peso) pra levar suas coisas que você não precisará durante o dia, como saco de dormir, colchonete etc.. A Cristina (EUA) contratou um full-porter, mas não é barato, então prepare-se. Como ela fechou no pacote não lembrava do valor exato mas acha que girou em torno de S./ 60.
Eu contratei o passeio com a agência Viajes Cusco, que está me apoiando no passeio com desconto no tour. As outras pessoas aqui do meu grupo são de diversas outras agências.
Tomei um café-da-manhã americano bem completo por S./ 15 em Ollantaytambo e voltamos pro busão. Dali dava pra ver as ruínas de mesmo nome que fui alguns dias atrás.
Andamos mais alguns minutos de ônibus até chegar a Pisacucho, ou km 82 da carretera (estrada), onde a trilha começa de fato. Dava pra sentir a tensão em quase todo mundo e ansiedade por fazer a trilha, medo de não conseguir, insegurança e tudo um pouco. Também senti tudo isso. Eu nunca tinha acampado e, na minha visão, fiz poucos trekkings e estava sem treino. Mas bora lá, né?
Ficamos uma meia hora arrumando as mochilas e os porters arrumando as big mochilas deles. É impressionante o tamanho. Comprei duas tiras pra prender o colchonete na parte de fora da minha mochila por S./ 5.
Começamos a caminhada e eu tava bastante receoso porque os músculos das minhas costas estavam já doendo e minha mochila estava pesada e grande por conta da câmera, lente extra etc. Graças a vocês, olha só! 🙂 mas foi tudo bem.
Paramos na entrada da Trilha Inca para fazer umas fotos do grupo (a 1ª desse post) e seguimos até o 1° controle, onde você tem que mostrar seu passaporte original e o tíquete, que fica com o guia.
Dali começamos de fato a trilha, assim que cruzamos a primeira ponte sobre o rio Urubamba. A vista é incrível do vale e das montanhas rochosas. O mais legal é que os guias já conhecem bem a trilha então além de falar sobre as plantas e curiosidades do caminho, eles tem a sensibilidade de perceber quando parar depois de um trecho um pouco mais puxado.
Mas hoje o dia foi super tranquilo, com boa parte do caminho em terreno mais plano. Andamos das 9h30 às 17h30, parando 2h pro almoço e com mais umas 3 ou 4 paradas no caminho pra descansar e pra ver ruínas incas. É impressionante e emocionante também.
O almoço foi bem bom: sopa de quinoa, um abacate com nachos super bem apresentados (os nachos formavam duas asas) e de prato principal milho gigante com queijo (bem tradicional), arroz, truta (eu passei) e vegetais, além de chicha morada pra tomar e chá de coca no final, pra energizar!
O que me fez ainda mais feliz foi um Golden Retriever que seguiu a gente e andou do meu lado quase o dia todo. Me fez lembrar muito e ficar com ainda mais saudade do meu pequeno Lupin, que está crescendo um montão em casa sem mim nesse mês fora. 🙁
E me deu ainda mais vontade de levar ele pra fazer umas trilhas por aí. Perguntei pro George, o guia, e ele falou que rola fazer a Trilha Inca com seu cachorro se ele for bem ativo, mas não soube me falar de preços ou detalhes mais burocráticos e práticos. Só falou que ele não poderia entrar em Machu Picchu. Então faria a trilha e de lá teria que seguir pra Águas Calientes.
No caminho desse 1° dia tem vários pontos pra comprar água e Gatorade. Mas obviamente tem que preparar o bolso porque o preço vai subindo à medida que a trilha avança. Paguei S./ 8 por uma garrafa de Gatorade.
Acho que compensa mais comprar lá do que levar muito peso com uma garrafa maior. Mas parece que amanhã não vai ter muita saída porque depois de um certo ponto, tem água pra comprar só em Machu Picchu.
Às 17h30 chegamos ao primeiro acampamento, que fica a cerca de 2.800m de altitude. As barracas pra duas pessoas cada já estavam montadas e tem banheiro de graça \o/ mas traga seu papel higiênico porque no caminho pode dar vontade de usar o “banheiro inca”, também conhecido como natureza. 🙂
Pouco depois que chegamos, tivemos uma “hora do chá”, que tinha leite em pó e achocolatado, então depois de um tempão, pude tomar chocolate quente de novo. E tinha pipoca e cream cracker! ❤️
Depois de 1h e pouco, às 19h, foi servido o jantar: sopa de arroz de entrada e de prato principal, macarrão, batata preparada de um jeito que não sei explicar (mas tava bem bom), tortinhas de couve-flor e frango. E ainda de sobremesa veio uma banana flambada no rum, com direito a fogo na bandeja e um mate de muña (menta peruana) que é uma delícia. Não imaginava que teria uma refeição com entrada, prato principal e sobremesa no meio da trilha. Chique no último!
Depois do jantar, os guias passaram o briefing de amanhã, o dia mais difícil da Trilha Inca e às 20h30 já estava todo mundo indo dormir, que é o que eu vou fazer agora. Ia deixar meu celular pra carregar, porque só nesse acampamento dá pra fazer isso, mas quando a senhora falou que era S./ 5 pra deixar carregando, desisti. Vou usar pouco ele nos próximos dias e tá tudo lindo!
Bora escovar os dentes e dormir porque amanhã acordaremos às 5h pro dia mais punk.
Boa noite, primatas!
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[Post originalmente publicado em 16/03/2016 no Viagem Primata e migrado por seu autor para o Viaja Bi! em 25/11/2018]
13 Comentários
Fabio Pastorello
Uau, fazer esse caminho deve ser uma experiência e tanto. Ansioso para ler o próximo dia de trekking. Abraços.
Rafael Leick
Foi fantástica a experiência. Vou publicar os demais em breve, talvez ainda hoje 🙂
ANNA PAULA MARTINELLI
Amei o dog ali.
Achei relax.
Xoxo.
Rafael Leick
Hahaha Ele tava fofo demais. Acompanhou a gente o primeiro dia todo.
ANNA PAULA MARTINELLI
By the way, esses carregadores… pode isso?
Não é coisa da elite opressora? haha
Rafael Leick
Hahaha isso tá soando tão Crise Política Brasileira rs
Pode sim. Mas eles trabalham como camelos!
Mochilão no Peru: Dia 28 | Diário de Bordo | Viagem Primata Viagem Primata
[…] estavam vendendo aquelas foto tipo de colégio, com o grupo no começo da trilha (igual a da capa desse post) e uma foto individual. Cada uma custando S./ 10, sem barganha de preço. Era tipo um certificado […]
Leandro Zoratto
Rafael,
Você levou uma mochila de quantos litros na trilha Inca? Pelas suas fotos acredito que sua mochila tenha em torno de 30 litros. E as demais pessoas do seu grupo?
Vou fazer Salkantay, mas creio que serviria de referência.
Como vou fazer diversos trekkings pelo Peru, pensei em levar minha cargueira de 65-70 litros (com todas as roupas e itens) e uma cargueira menor de 35-40 litros somente para as trilhas de 2 a 5 dias, como Nevado Vallunaraju, Misti, Cânion del Colca e Salkantay. Seria ruim andar com duas cargueiras pelo Peru, mas em algumas dessas trilhas eu preciso carregar meu saco de dormir e isolante (mesmo que eu alugue. Em Salkantay eu não precisaria carregar esses itens). Também levaria uma mochila que eu tenho que vira uma bolsa bem pequena (não ocuparia espaço) e que serviria de mochila de ataque para passeios de um dia em Huaraz, Lima, Ica, Nazca, etc.
Obrigado!
Abs.
Rafael Leick
Oi, Leandro.
Pro Peru eu levei minha mochila cargueira Deuter 70+15. E uma mochila urbana padrão da Swiss Gear com meus equipamentos (câmera fotográfica DSLR, GoPro, assessórios, carregadores etc.). Foi essa segunda que levei pra Trilha Inca. Mas eu aconselho a levar uma mochila menor mas apropriada, com melhor ergonomia porque isso pegou um pouco pra mim durante a trilha. Pras trilhas, leve o menos possível. Cada quilo faz realmente diferença depois de caminhar por alguns dias. Sugiro levar mochila de ataque. E você acopla o isolante por fora dela. Uma menina levou a cargueira pra trilha e pastou em alguns momentos. Caso você precise, pode contratar um porter/carregador, mas não sei se compensa. Para os outros passeios, como Nazca, Puno ou mesmo as passagens por Huacachina e dentro de Cusco, fui com a mochila de ataque mesmo. E foi suficiente. Se você for usar uma de ataque da Deuter, por exemplo, na Trilha Inca, use a mesma pra esses passeios, deixando o que não precisa no hostel/hotel.
Espero ter ajudado.
Abs
Marco - Trilha Inca
Olá, Rafael. Seu post é muito interessante com muita informação útil para todos que desejam começar uma aventura no Peru. Atualmente estou trabalhando como guia de turismo no Peru e gostaria de poder ajudá-lo com qualquer dúvida que tenha se receber nada em troca. Abraços.
Rafael Leick
Oi, Marco. Obrigado pela disponibilidade e pelo elogio.
Mit Viajes
Hola Rafael Leick, la información dentro de los 4 post en tu blog es completa. Algo que deben tener en cuenta los viajeros que estan leyendo esta informacion completa es:
– Para poder realizar el Camino Inca, se debe reservar como min con 6 meses de anticipación. Así poder conseguir disponibilidad para su fecha de Viaje.
– El porteador es el simbolo del camino inca, son personas de bajos recursos en la zonas alto andinas de la ciudad de cusco, es importante darle el valor que ellos merecen pues cargando las mochilas de los viajeros que realizan el camino inca; llevan el dinero para poder dar estabilidad economica a sus familias que se encuentran alejadas.
Me encanto como cuentas los dia a dia de la caminata, saludos.
Rafael Leick
Oi, Mit. Obrigado pelo comentário.
Realmente, o ideal é fazer a reserva para a Trilha Inca com antecedência. Mas, no meu caso, fiz ao chegar em Cusco mesmo. Não tinha feito com antecedência. É um risco, mas quem não conseguir reservar 6 meses antes, pode conseguir também. 😉
Em relação aos “porteadores”, concordo que devam ser valorizados, mas penso que isso deve ser feito, principalmente, pelas empresas que os contratam. O que não acho ideal é contar que somente os turistas valorizem isso. E a forma como foi feita a “coleta de gorjetas” no dia que fui, foi bastante desconfortável. Gorjeta e apreciação são muito bem-vindas, mas devem ser opcionais e não algo imposto ou forçado. O ideal é que as empresas pagassem bem os porteadores para que as gorjetas fossem um bônus e um extra para as pessoas que quisessem e, principalmente, que pudessem colaborar. Muita gente faz a Trilha Inca com baixo orçamento e com os gastos contados. Se é algo já incluso antecipadamente, a pessoa já se programa. Se chega no final, você não espera e a empresa te força a pagar uma gorjeta, isso já não é legal. Esse foi meu ponto.
Obrigado mais uma vez pelo comentário! 😉