24 de janeiro de 2020

World Pride NYC: conheci Nova York no maior evento LGBT+ do mundo

A 1ª vez em Nova York a gente nunca esquece, né? Mas, pra mim, foi ainda mais inesquecível ter essa primeira vez durante a World Pride NYC Stonewall 50. O nome é longo, mas faz muito sentido. Te explico: o mês de junho é tido como Mês do Orgulho LGBT+ em várias partes do mundo. Todas as empresas mudam os avatares das redes sociais para uma versão com arco-íris, todo mundo fica de repente friendly, mas nem todo mundo sabe a razão disso.

Claro, tem a ver com a celebração da Parada LGBT+ de SP, mas ela é comemorada nesse período por um motivo. 🙂

Bandeirinhas do arco-íris dominaram a cidade

 

50 anos de Stonewall em Nova York

Vamos fazer uma rápida viagem no tempo? Era crime ser gay em 49 dos 50 estados dos Estados Unidos lá no ano de 1969. Os bares gays eram, então, proibidos, e os que existiam eram controlados pela máfia. Os gays, lésbicas, bissexuais e pessoas trans eram obrigados a se encontrar nesses espaços, que eram como guetos, locais “seguros”.

Seguro, mas a polícia fazia batidas constantes pra recolher aquela propina básica e pra exercer abuso de poder contra os LGBT+. Ou seja, corrupção, truculência e abuso de autoridade na polícia… quão diferente disso estamos hoje no Brasil?

Tá achando exagero ou “mimimi”? Eles chegavam ao ponto de levar pessoas ao banheiro pra conferir se a genitália conferia com o visual da pessoa! Se tinha cara de mulher, mas tinha piroca, o bicho pegava. Até que chegou o dia que “a bicha pegou”. 😛

Eu em frente ao histórico bar gay Stonewall Inn

Em 28 de junho de 1969, as 205 pessoas da comunidade LGBT+ de Nova York que estavam no Stonewall Inn, se rebelaram espontaneamente contra a polícia durante uma das batidas no bar gay em Greenwich Village, conhecido hoje como um bairro gay de Manhattan. O bar já tinha sido um restaurante e um clube hétero antes da máfia o adquirir em 1966. Foram 5 dias de conflito, e a comunidade, que passou de 1.000 pessoas dentro e fora do bar, saiu vitoriosa. Leia mais sobre aqui.

“Eu me lembro quando alguém jogou um coquetel Molotov e eu pensei ‘Meu Deus, a revolução está aqui, a revolução finalmente está aqui!'” (Sylvia Riviera, que junto com Marsha P. Johnson, é destaque das rebeliões)

Nascia ali o movimento LGBT+. A data é histórica! No ano seguinte, Nova York e outras cidades americanas fizeram a 1ª Parada do Orgulho LGBT+ do mundo (“Gay Pride”, em inglês). A partir daí, as “paradas” se espalharam pelo mundo e começaram a surgir também algumas maiores, reunindo continentes como a Europride, na Europa, ou o mundo todo, como a World Pride, que se propõe a ser um evento mundial a cada 2 anos.

Em 2019, comemoramos os 50 anos das Rebeliões de Stonewall, e o evento mundial aconteceu pela 1ª vez em Nova York, sob o nome World Pride NYC. 50 anos depois, onde tudo começou. Tendo esse histórico, podemos dizer sem medo que esse foi o evento LGBT+ mais importante do mundo nas últimas 5 décadas! E eu fui para minha 1ª vez na cidade, representando o Viaja Bi!, durante o evento. 🙂

 

Como foi a World Pride NYC

World Pride NYC passando em frente ao Flatiron Building, em Nova York

Foi maravilhoso poder participar da World Pride NYC, muito especial. Eu “marchei” pelas ruas, na parada mesmo, em um momento super simbólico e significativo pra comunidade LGBT+ to mundo todim, numa cidade coberta de arco-íris (real oficial), junto com a IGLTA, principal organização de turismo LGBT+ do mundo, e a NYC & Company, o órgão de turismo da cidade. Que honra!

A NYC & Company aliás, me ajudou com o Metrocard, passe de metrô e com o CityPASS, um passe de atrações para a cidade, que vale muito a pena. Esse passe está disponível em várias cidades dos EUA e Canadá e, em NY, ele dá acesso ao Empire State, Museu de História Natural, Met Museum, Top of the Rock (ou museu Guggenheim), Estátua da Liberdade (ou cruzeiros da Circle Line) e Memorial & Museu do 11 de setembro (ou Museu Intrépido do Mar, Ar & Espaço). Veja detalhes e preços.

Mas, mana, nossa saída atrasou 5 horas! Sim, 5 horas! Não sei o que rolou, mas ficamos sentados na rua, batendo papo e esperando, esperando, esperando. Acho que é porque a parada lá é muito grande, então são diversos grupos marchando. Se um atrasa, atrasa os outros. Será?

Mas, enfim, foi um evento incrível e com cobertura mundial. Talvez eu tenha aparecido nas TVs do mundo, vai saber. 😛 Só fiquei triste porque eu tinha marcado um outro passeio mega especial pro fim do dia, então caminhei pouco tempo na avenida.

Casal lésbico protesta durante a World Pride

Além da parada em si, a World Pride NYC teve diversos eventos durante todo o mês de junho. E, se tratando de EUA, imagina a magnitude! A cerimônia de abertura oficial teve Whoopi Goldberg e Cindy Lauper. Durante a semana antes da marcha, shows de Madonna e da nossa diva Pabllo Vittar arrasani em NY. O show de encerramento foi na Times Square com Mel C, ex-Spice Girls. Fora as inúmeras festas. Um dos meninos que estava no meu quarto no hostel foi para as festas, tinha uma a cada noite!

Também rolou o LGBTQ Summit, um simpósio com painéis LGBT+ que rolou no belíssimo Lincoln Center. E, BABADO! Eu fui um dos convidados, tá meu bem? Fiquei mega honrado de participar desse painel sobre mídias internacionais. Já tinha feito várias palestras e paineis em português por aqui e 2 em espanhol, em Lima e em Huacho, mas essa foi a 1ª vez em inglês e fiquei nervosão, mas foi lindo. 🙂

 

Cidade coberta de arco-íris

Passeio de helicóptero especial Pride com a FlyNYON, em Nova York

Lembra que falei que tive que sair mais cedo da World Pride NYC por conta de um passeio foda? Foi o passeio de helicóptero que fiz com a FlyNYON, que tem um tour especial “Pride” nesse dia pra ver as cores da Pride em Nova York, do alto. Coisa mais linda ver tudo colorido… Empire State, Madison Square Gardens, One World (antigo World Trade Center), tudo iluminado com as cores LGBT+. Mana, é muito complexo tirar fotos boas lá de cima, com o helicóptero tremendo com o motor e ainda esse voo é com as portas abertas. 😱 É vento, vento, vento e mais vento! 🌬️ Mas acho que deu pra tirar umas boas.

Esse passeio é uma representação visual de quanto a cidade fica de fato colorida também no chão. Sério! É até um “exagero” (no bom sentido) no estilo estadunidense. As bandeiras LGBT+ estavam em todos os lugares, incluindo uma igreja que com missa em homenagem ao Orgulho LGBT+. Juro! Enquanto isso, no Brasil… Enfim! Lá, todas as lojas tinham coleção Pride, adesivo Pride, bandeiras Pride, logos Pride, tudo Pride! Era de ficar tonto de tanto arco-íris.

Bandeiras LGBT+ tomaram os telões da Times Square, em NY

Hospedagem também é friendly. Fiquei hospedado num hostel maravilhoso, o HI New York City, da rede de hostels friendly HI, que todo mundo adora (leia o review). Estava CHEIO de gays e lésbicas. Imagina como estava o Grindr e Tinder por lá! 😇 Não que eu tenha usado, me contaram… 😛 Ah, como não poderia deixar de ser, participei de um evento especial de Pride dentro do hostel, organizado pelos youtubers DamonAndJo.

Os paineis de propaganda da Times Square mostravam todas as marcas aproveitando o momento e colocando arco-íris pra brilhar. Representatividade importa real oficial… afinal, homofóbicos tiveram dias muito difíceis por lá. Eles que lutem… 🙂 Aliás, Bolsonaro, que bom que o museu recusou sua premiação lá, viu, miga? Teria um treco!

Programas das peças e musicais da Broadway, como o do Harry Potter, também traziam a bandeira LGBT+

Na região da Times Square ficam os teatros com espetáculos da Broadway. Eu assisti as 2 partes de Harry Potter and The Cursed Child (Harry Potter e a Criança Amaldiçoada) – imagina o quanto não pirei e chorei – e Chicago. Nos programas Playbill, que são entregues para todos os espectadores, tinha uma faixa LGBT+ na capa de todos. Alguns teatros, como o que estava O Rei Leão, também tinha arco-íris na fachada.

 

Cultura LGBT+ em Nova York durante a World Pride NYC

Exposição gratuita sobre Stonewall na Biblioteca Pública de Nova York

Vários museus de Nova York aproveitaram a World Pride NYC para trazer exposições temáticas (falei disso aqui). O Guggenheim estava com exposição do Maplethorpe, o controverso fotógrafo que tinha como um de seus principais assuntos o corpo (principalmente masculino) nu, em situações provocantes e explícitas. O Museu do Sexo tinha, já na lojinha de souvenirs, adivinhem… uma coleção Pride. A Biblioteca Pública de Nova York, que tem entrada gratuita, exibia uma exposição excelente sobre a história de Stonewall, que contei mais pra cima.

O Met (The Metropolitan Museum), o museu que recebe aquele famoso evento Met Gala, tinha uma exposição com a extravagância LGBT+ com foco na moda. Eu fiz tour sensacional com um professor que contava os segredos gays dentro do Met. É muito legal poder ter esse olhar colorido sobre a História, deixando cair por terra os argumentos de que “agora tem muito gay”, que é algo moderno… Helloooooowwww!!!

Tour com segredos gays no museu Met

Durante o tour, ele contou histórias secretas ou implícitas em obras de arte do museu. É muito, muito, muito legal! A empresa que faz esse tour é a Oscar Wilde Tours e o guia é maravilhoso!

Além desse, eles também têm um outro tour incrível na cidade, no Greenwich Village, o bairro gay de Nova York, onde fica o bar Stonewall Inn. Apesar da localidade, Stonewall é só um pano de fundo para o passeio. Ele explora as histórias paralelas que o bairro tem relacionadas à comunidade LGBT+ e te dá uma noção clara do contexto onde tudo aconteceu. É muito enriquecedor, recomendo.

Se você tiver tempo de visitar (eu não tive), Nova York tem um museu LGBT+ chamado Leslie-Lohman Museum of Gay and Lesbian Art. 😉

Foi a maior imersão LGBT+ que já tive na vida. Saí até cansado! Se quiser saber mais sobre o lado LGBT+ da cidade, confere esse guia gay de Nova York.

Durante a NYC Pride e World Pride, monumentos importantes como o Empire State são iluminados com as cores do arco-íris - Foto: Julienne Schaer/NYC & Co.

Durante a NYC Pride e World Pride, monumentos importantes como o Empire State são iluminados com as cores do arco-íris – Foto: Julienne Schaer/NYC & Co.

 

🗽 Assista aos destaques de NYC nos stories do @ViajaBi 🗽

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O Viaja Bi! teve apoio da NYC & Company com Metrocard e CityPASS. O voo de helicóptero foi uma cortesia da FlyNYON. A hospedagem foi parte de uma campanha com a HI NYC. Os ingressos para musicais foram cortesia da Broadway Inbound. Os tours no Met e no Village foram cortesia da Oscar Wilde Tours. Todas as opiniões expressas aqui são independentes e refletem a real experiência como turista.

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Sobre Rafael Leick

Rafael Leick

Criador dos projetos Viaja Bi!, Viagem Primata e ExploraSampa, host do podcast Casa na Árvore e colunista do UOL. Foi Diretor de Turismo da Câmara LGBT do Brasil. Escreve sobre viagem e turismo desde 2009. Comunicólogo, publicitário, criador de conteúdo e palestrante internacional, morou em Londres e São Paulo e já conheceu 30 países. É pai do Lupin, um golden dog. Todos os posts do Rafael.

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